8.7.14

Agora fabricamos alfaces - sobre restruturação empresarial à japonesa

A mudança tecnológica tornou não lucrativos certos segmentos da indústria electrónica. Claro que, no Japão, muitas fábricas foram afectadas. Em Portugal também. A Siemens de Vila do Conde, por exemplo, foi higienicamente autonomizada e renomeada para não prejudicar a reputação da marca, vendida e fechada.
Mas esta notícia do Wall Street Journal dá conta da especificidade dos grupos empresariais japoneses. Várias empresas reconverteram as suas unidades electrónicas para o agro-alimentar e utilizaram os conhecimentos tecnológicos, por exemplo, na produção de alfaces, em vez de lançarem os seus trabalhadores no desemprego. Pode ser uma mudança inesperada, mas faz parte de um comportamento-padrão no Japão, que não entre nós.






2.7.14

Novo ciclo ou fim de ciclo na composição do Parlamento europeu?

A análise do Bruegel à composição do Parlamento Europeu diz que, afinal, em vez de hecatombe, a actual composição é coisa já vista. Podemos mesmo ter só tido um intervalo europeísta nas opiniões públicas europeias nas décadas do aprofundamento e do alargamento e estar a voltar ao business-as-usual.Será que o europeísmo segue dentro de momentos? Com um novo projeto mobilizador? Qual e quando?

1.7.14

Contudo, move-se... o RSI aos 18 anos

Faz hoje 18 anos iniciaram-se os primeiros projectos-piloto do Rendimento Mínimo Garantido. Então era incerto se o Estado e a sociedade civil estavam preparados para gerir a profunda transformação nas políticas de luta contra a pobreza que o lançamento desta medida poderia induzir.
Hoje, olhando para o percurso feito pelas políticas sociais, pode ver-se que a ideia frutificou em outras que dela receberam a metodologia de gestão participada de políticas (como a rede social) ou o conceito de focalização nas situações de pobreza severa (como o Complemento Solidário para Idosos). Definitivamente, o surgimento do RMG não foi um acto isolado, mas uma peça basilar na chamada "nova geração de políticas sociais", dos governos socialistas de Guterres e Sócrates.
É certo que, aos 18 anos, o hoje chamado RSI, continua longe de cumprir alguns dos seus objectivos fundadores, nomeadamente continua por cumprir o projecto de fazer dele uma medida una e dupla, isto é, uma prestação pecuniária associada geralmente a um programa de inserção. O Estado continua a não ser capaz de se activar para promover em quantidade e qualidade as medidas de inserção a que se comprometeu no texto e nno espírito da legislação que regula a medida. Mais, o Estado tem vindo a transformar-se de parceiro para a inserção dos desfavorecidos em mero polícia dos "incumpridores" e "castigador" dos fraudulentos, na sua maior parte imaginários, como no caso dos depositantes milionários.
Hoje, com o alargar da crise, o Estado divulga dados que dão o número de beneficiários do RSI como estando em queda. Com o que sabemos da situação social do país, este é um indicador seguro da asfixia administrativa a que a medida está submetida. Nesta medida, como noutras, o país orgulha-se de diminuir a cobertura das políticas sociais quando os problemas se agudizam. E todos assistimos ao lento agonizar das medidas de política social activa, na luta contra a pobreza como no desemprego.
Hoje o Estado Social Activo é um projecto que apenas se mantém vivo pelo profissionalismo de quem no terreno continua a fazer politica social, sem apoio nem sequer compreensão das hierarquias e das direcções políticas, que voltaram ao velho assistencialismo e ao lado disciplinador dos pobres do liberalismo mais destituido de sentido de solidariedade.
Aos 18 anos, o RSI está doente. Contudo, ao contrário do que muitos vaticinavam em 1996, não desapareceu nem provocou nenhum cataclismo de despesa pública. Contudo, move-se...