21.7.09

Numa terra pensada, o comércio local não morre

O conflito que opõe os comerciantes do centro de Almada à actual gestão da Câmara Municipal é o resultado de uma série de omissões e erros do município, que lesaram o comércio local. A chegada das grandes superfícies e em particular do Forum Almada deveria ter sido acompanhada de medidas de compensação, favoráveis ao centro da cidade a ele atraíndo mais pessoas e nele tornando a mobilidade mais fácil. Por outro lado, dado que o município recebeu vultuosas contrapartidas dessa infraestrutura, parte delas deveria ter sido encaminhada para ajudar o pequeno comércio a enfrentar a nova pressão competitiva, nomeadamente sob a forma de apoios ao investimento à sua modernização. Nada disso aconteceu. Pelo contrário, essa pressão competitiva foi acompanhada do agravamento das condições de acessibilidade ao centro do concelho. O arrastamento, por motivos fúteis, das obras do Metro do Sul do Tejo e a incapacidade de as gerir de modo faseado fizeram com que os anos passassem e se perdesse genericamente o hábito de deslocação ao centro para fins comerciais. A descoordenação entre serviços municipais fez com que ainda estejam a ser agora construídos parques de estacionamento que deveriam ter entrado em funcionamento com o início do Metro. Até as soluções encontradas para o desenho das vias, a ausência de escapatórias para os autocarros ou as verdadeiras "gincanas" que acompanham as passadeiras paecem ter sido desenhadas para tornar difícil e incómodo chegar ao centro. A tudo isto juntou-se um Plano de Mobilidade que os seus próprios autores consideraram que exigiria grande acompanhamento para ser executado e que teria grande complexidade, Plano esse que se revelou um desastre quando aplicado. Agora há que fazer tudo o que poderia ter sido feito em tempo e corrigir o que for possível. O Município tem o dever de constituir um fundo de apoio à modernização comercial, para ajudar os comerciantes que desejem investir na modernização das suas lojas, a construção do estacionamento tem que ser acelerada, o Plano de Mobilidade tem que ser revogado. Em particular, a zona chamada pedonal, onde até passam autocarros, que excentricamente corta ao meio o principal eixo de avenidas da cidade e torna o trânsito caótico tem que ser revogada como, justamente, os comerciantes reclamam . Faz sentido que se criem zonas realmente pedonais, mas nas vias laterais e que se deixe bater o coração da cidade nas suas grandes avenidas. Faz sentido que se limite a velocidade do trânsito,mas não que se desvie das avenidas mais largas para as ruas mais estreitas, algumas delas centenárias. A actual gestão municipal não consegue perceber essa necessidade. Por isso teima em reprovar o fndo de apoio ao investimento e por isso resiste a rever o esquema de circulação do trânsito no concelho. Essa incapacidade do actual poder camarário de dar valor aos problemas que afectam os munícipes, escravizado que está por uma visão autocrática da cidade está entre os factores mais importantes que levaram a que me candidatasse e a que esteja a tentar derrotá-lo.

3 comentários:

P. disse...

Aprecio muito o teu cartaz da direita: Numa terra amada ...

Acácio Lopes disse...

01- O COMÉRCIO TRADICIONAL PERDE FORÇA NA VIDA COMUNITÁRIA COM O APARECIMENTO DAS MÉDIAS E GRANDE SUPERFÍCIES, SUPER E HIPERMERCADOS.
02- NA LÓGICA DO FUNCIONAMENTO DO CAPITALISMO ESTA EVOLUÇÃO ERA PRESUMÍVEL.
03- MAS, PARA ALÉM DESSA LÓGICA, DO MEU PONTO DE VISTA, PENSO HAVER OUTROS FENÓMENOS QUE AGRAVARAM O DESIQUILIBRIO. QUESTÕES QUE REPORTAM AOS COMERCIANTES TRADICIONAIS E À MANEIRA COMO SE INSEREM E SE ADAPTAM ÀS MUDANÇAS.
04- O COMÉRCIO TRADICIONAL DEFINHA TAMBÉM POR USAR MÉTODOS DE GESTÃO ALGO DESAJUSTADOS. É UM PROBLEMA DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL.
05- TEM FALTADO AGILIDADE PARA DEFINIR OS NICHOS DE MERCADO ONDE TERIAM CONDIÇÕES PARA SE AFIRMAREM, NICHOS ESSES QUE AS GRANDES SUPERFÍCIES NÃO TEM MUITA VOCAÇÃO PARA OS OCUPAREM. A PERSONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO.
06- ALGUMA FALTA DE IMAGINAÇÃO PARA ENCONTRAR AS BOAS VIAS PARA FIDELIZAR A CLIENTELA.
07- HÁ UNS ANOS , DÉCADAS, O COMÉRCIO TRADICIONAL ACRESCIA À VENDA DOS PRODUTOS A OFERTA DE UMA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO CONSISTINDO NUM “ACONSELHAMENTO”, ALGO QUE SE VAI EXTINGUINDO POR INSUFICIENTES QUALIFICAÇÕES DO PESSOAL, DONOS, PATRÕES, E SEUS EMPREGADOS.
08- TAMBÉM PARECE HAVER UM DESAJUSTE, NO COMÉRCIO TRADICIONAL, NO QUE REPORTA A HORÁRIOS, ALGO RÍGIDOS, EMBORA PENSE QUE A ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL TENHA A SUA QUOTA DE RESPONSABILIDADE EM TAL.
09- PENSO TAMBÉM QUE HÁ ENORMES CARÊNCIAS NA FORMAÇÃO DOS PREÇOS. A QUESTÃO DAS MARGENS DIFERENCIADAS.
10- É CLARO QUE A ESCASSEZ DE CAPITAIS PRÓPRIOS CONSTITUI UM OBSTÁCULO À MODERNIZAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS.
11- E ESCASSEZ DE CAPITAIS PARA UMA CORRECTA GESTÃO DE STOCKES.
12- TAMBÉM ME PARECE EXISTIR UM CERTO INDIVIDUALISMO, SENDO RARÍSSIMAS AS EXPERIÊNCIAS DE CRIAÇÃO DE CENTRAIS DE COMPRAS.
13- O COMÉRCIO TRADICINAL TEM EVITADO ASSOCIAR PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS À PURA TRANSACÇÃO NO BALCÃO, COMO POR EXEMPLO AS ENTREGAS AO DOMÍCILIO, QUE UMA BOA PARTE DAS MÉDIAS E GRANDES SUPERFÍCIES OFERECEM, SUBCONTRATANDO TAL PRESTAÇÃO A PRODUTORES INDIVIDUAS COM VIATURA E QUE VIVEM DESSA PRESTAÇÃO DE TRANSPORTE E DESCARGA.
14- RESUMINDO, O PODER AUTARQUICO PODERÁ FAZER ALGO NA ÁREA DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL, QUER NA ÁREA DA GESTÃO, QUER NA ÁREA DO ATENDIMENTO.
15- MAS SERÁ NA ÁREA DAS INFRAESTRURAS E NA AMBIÊNCIA QUE O PODER MUNICIPAL PODERÁ TER UM PAPEL DECISIVO, PARA MOLDAR UM NOVO EQUILÍBRIO.
16- ESTARÃO NA BERRA AS VÁRIAS METODOLOGIAS POSSÍVEIS, NO QUE REPORTA À REABILITAÇÃO DE CONSTRUÇÕES ULTRAPASSADAS, E , CLARO NO FINANCIAMENTO DESSAS REABILITAÇÕES.
17- MAS INSISTO, O PATRONATO DO COMÉRCIO TRADICIONAL, TERÁ DE DE FAZER UM ESFORÇO PARA DEFINIR ADEQUADAMENTE OS NICHOS DE MERCADO DE PRODUTOS QUE CERTOS EXTRACTOS SOCIAIS ESTÃO DISPOSTOS A PAGAR MAIS DO QUE PELO TREVIAL QUE AS GRANDES SUPERFÍCIES OFERECEM A BAIXO PREÇO, POR FORÇA DE ECONOMIAS DE ESCALA E DA SUA ENORME FORÇA NEGOCIAL FACE AOS FORNECEDORES.
18- PARA TERMINAR. AS AUTARQUIAS TERÃO DE SER MUITO MAIS EXIGENTES NAS CONTRAPARTIDAS DA AUTORIZAÇÃO DE CONSTRUÇÃO DE GRANDES SUPERFÍCIES, INCLUINDO OUSADAMENTE, OBRIGAÇÕES DAS GRANDES SUPERFÍCIES ALBERGAREM COMERCIANTES TRADICINAIS EM NICHOS DE MERCADO MUITO ESPECÍFICOS E VOCACIONADOS PARA PÚBLICOS DITOS “EXIGENTES“ E QUE “GOSTAM” DE ATENDIMENTOS MUITO PERSONALIZADOS.

Escreverbem disse...

Caro Amigo Paulo Pedroso:

Sou um apreciador da clareza de ideias e da fluidez verbal que sempre o caracterizou. Valorizo as pessoas que pensam e articulam o que dizem, que esclarecem, de facto, as pessoas.
O seu artigo sobre o drama do comércio e dos comerciantes de Almada, reflecte bem o que, eu próprio, já constatei.
Um dia destes fui dar uma volta por Almada, exactamente, para ver as montras, quando fui surpreendido com novos sinais de trânsito que me empurraram para onde eu nunca quis ir: para a Almada velha. E o pior foi sair de lá... Dei tantas voltas que prometi a mim mesmo, tão cedo não ir a Almada. Como se poderá imaginar, eu serei um de entre muitos cidadãos de Almada que ficaram frustrados com o que viram.
Como sabe, eu sou um cidadão interventivo e, por diversas vezes, fiz chegar e, até, publicar algumas cartas que escrevi à presidente da Câmara, sobre temas que, há décadas, são verdadeiras chagas nesta terra desamada e mal pensada.
Este elenco bolorento que governa há cerca de trinta anos o nosso concelho, é responsável pelo atraso de desenvolvimento patenteado por todos os cantos, mal se sai do centro da cidade. Este elenco geriu a câmara à bela maneira comunista dos anos 50, 60 e 70 que se preocupava, apenas, com as obras de fachada perto das suas barbas, ostracisando os subúrbios. É ver, apesar do programa Polis, a degradação da Costa da Caparica, com barracas por todo o lado. É ver o desprezo a que foi votada a Charneca da Caparica com uma acessibilidade que envergonha o mais pacato cidadão...É ver o desenvolvimento dos concelhos ribeirinhos da Grande Lisboa e comparar com a paragem no tempo, a ineficiência, a incúria e o laxismo da Câmara de Almada
Por diversas vezes me interroguei como tem sido possível este elenco pertencente a uma força partidária caduca e obsoleta ter ganhado consecutivamente as eleições sem nada fazer de importante para o concelho. Chego a pensar que só com o recurso a processos fraudulentos é que tal tem sido possível, já que o P.S. tem ganhado quase todas as legislativas.
Confio e espero que desta vez o meu amigo Paulo Pedroso consiga derrotar estes vendedores da banha da cobra que já deveriam ter sido erradicados há décadas, a bem do comércio, dos comerciantes e dos munícipes de Almada.
FORÇA PAULO PEDROSO. Confio em si e no seu talento para mudar radicalmente ALMADA que tanto precisa.
Um abraço.
Inácio Silva