3.8.10

Pinto Monteiro com a coragem e frontalidade que não tem sobejado na hierarquia do MP

Se tomar consciência de um problema for o primeiro passo para o resolver, a entrevista de hoje do PGR ao DN será uma pedrada no charco. Se assim não for, o rei continuará nú como vai há muito e ficaremos à espera das próximas vítimas, com a indiferença com que temos vivido quanto ao que significa para a democracia o risco de captura de orgãos fundamentais do sistema de justiça por interesses particulares.
Agora que houve quem decidisse fazer abertamente política com despachos judiciais as coisas entram mais que nunca pelos olhos dentro. Se o sistema político -  governo e todas as oposições incluídas -  decidir mantê-los fechados, que ninguém se queixe quando voltar a acontecer. Por hoje leia-se Pinto Monteiro com a coragem e frontalidade que não tem sobejado no tratamento destes assuntos:

É absolutamente necessário que o poder político (seja qual for o governo e sejam quais forem as oposições) decida se pretende um Ministério Público autónomo, mas com uma hierarquia a funcionar, ou se prefere o actual simulacro de hierarquia em que o procurador-geral da República, como já vem sido dito, tem os poderes da Rainha de Inglaterra e os procuradores-gerais distritais são atacados sempre que pretendem impor a hierarquia.
É imperioso que se diga que modelo se deseja para o País:
Se um sistema em que o Sindicato quer substituir as instituições ou um Ministério Público responsável. É preciso que sem hesitações se reconheça que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público é um mero lobby de interesses pessoais que pretende actuar como um pequeno partido político.
É essa a questão que o poder político deve esclarecer de forma inequívoca, não sendo lícito defender uma posição enquanto poder e outra enquanto oposição.  

Por razões diferentes, fico curioso, muito curioso, quanto às reacções que PSD e PCP terão a esta entrevista.

3 comentários:

jose albergaria disse...

Também estou curioso em "ouvir" as reacções dessas agremiações partidárias sobre este tópico.
Abraço,
J. Albergaria

Francisco Tavares disse...

Pode dizer-se que a entrevista põe as questões de uma forma tão decisiva que tem que haver consequências, mudanças. Se as não houvesse seria espantoso e muito estranho.
De qualquer modo é tão surpreendente que numa área tão sensível, tão importante e tão decisiva como a Justiça, ter-se passado o que se passou!

baladupovo disse...

Mas convém ter em conta o momento que se vive em Portugal. E o momento que se vive é algo de malsão e antinatural, pois nunca se viu, desde o 25 de Abril, comungar-mos na sociedade com tanta gente que age, fala e comporta-se com tanta má-fé e sonsice.
Por outro lado (há sempre o lado positivo) tudo isto deve ser encarado como um teste à inteligência das pessoas que estão aqui por boa fé.
Se todos cumprissem a sua missão sem procurar subverter ou desvirtuar a verdade, o mundo sería bem melhor.