23.3.14

In memoriam Adolfo Suarez

Espanha não teve revolução. O ditador sonhou ser sucedido por um rei educado por si e nos seus valores e que o sistema político não fizesse o aggiornamento com o fim-de-século que se aproximava. Franco, felizmente, errou na parte do seu raciocínio que dependia de terceiros. Juan Carlos revelou-se um rei com vontade de conviver com uma democracia plena e Adolfo Suarez construiu-a. 
A história não produz contra-prova, mas, se Marcelo Caetano tivesse a fibra de Adolfo Suarez, Portugal teria chegado à democracia antes de ou pelo menos com o Portugal e o Futuro. É certo que Suarez não tinha pela frente uma guerra colonial tão tragicamente apelativa do imaginário da direita nacionalista. mas seguramente teve a coragem que faltou a Caetano e um rei muito mais capaz de o auxiliar que o Presidente Américo Tomás. 
A revolução não fez mal a Portugal, antes pelo contrário. mas os homens de coragem merecem que se sublinhe o que fazem na história. Adolfo Suarez merece um lugar nesse panteão.

1 comentário:

jpt disse...

Independentemente do apreço por Suarez, que partilho, acho que vês mal (ou melhor dizendo, neste postal colocas mal) a situação de então. Thomaz nunca ajudaria, era do mesmo saco. E o próprio Caetano, que fica na história como titubeante, naõ era exactamente uma nova geração, talvez não fosse mesmo apenas hesitação mas vera filiação noutro mundo.
E depois havia a tal guerra. Sem guerra (apesar dos ecos da guerra civil de quarenta anos atrás) terá sido mais "fácil" fazer transitar um país para a democracia. Nos tinhamos a guerra, o império (causa de ser) do páis e toda essa tralha como obstáculo para uma transição