A decadência da vida urbana no centro da cidade de Almada deveria ser uma das principais preocupações do município. Contudo, quem acompanhe as reuniões de Câmara reparará que não há iniciativas próprias nessa matéria.
Acresce que apenas um golpe de asa que a gestão camarária não tem permitiria que a maioria da CDU se libertasse das suas próprias opções anteriores e aceitasse discutir com abertura a necessidade de medidas reequilibradoras. Pelo contrário, é evidente que quem gere a Câmara não consegue perceber que a chegada do Metro trouxe soluções mas também trouxe novos problemas. Assim como não consegue imaginar ou sequer aceitar ideias diferentes sobre o que faz o centro urbano continuar a definhar.
Em devido tempo, o PS e eu próprio fizemos propostas que são conhecidas e estão incorporadas no contrato com os cidadãos que propusemos nas últimas eleições autárquicas. Não é agora o momento de repetir no vazio essas propostas e podemos, com facilidade, admitir que outras alternativas surjam.
Por isso saúdo particularmente aqueles que não desistiram do centro de Almada e abro o Banco a que nele se sentem os que tiverem propostas alternativas ao
status quo, que merecem ser conhecidas, apreciadas e discutidas.
Começo pela divulgação da reflexão enviada à Presidente da Câmara por José Páscoa, que não carece de apresentações. Aqui fica ela - e publicá-la aqui é apenas uma forma de contribuir para que o debate nasça em todo o lado em que for possível - não significa mais nem menos que isso:
Passados mais de três anos sobre o inicio das obras do MST, as quais tiveram como consequência a transformação total da cidade, nomeadamente em termos comerciais, pois além da instalação de um tipo de transporte pouco adequado ao espaço, a modificação operada em termos de mobilidade, dificuldades de acesso à circulação automóvel, dificuldades de estacionamento, perseguição aos utentes do espaço público por parte da Ecalma, enfim um rol de atrocidades cometidas em nome do “progresso”, que por sua vez levaram a que Almada, esteja hoje, a atravessar graves dificuldades, com o comércio quase moribundo, quando outrora era pujante.
Decorridos três anos, todos sentimos que as modificações operadas, não contribuíram, como era de esperar, para o desenvolvimento sustentado da cidade, antes pelo contrário, têm contribuído para a degradação do comércio, têm contribuído para o seu empobrecimento e de quem dele depende, enfim, o que de bom era espectável, transformou-se em adversidade.
Mas como não devemos ser derrotistas, mas, sim, tentar arranjar soluções que transformem os pontos negativos em pontos positivos, é nossa obrigação contribuir, para que algo seja feito, por modo a transformar o que de mal nos acontece.
Assim sendo, para tal, em primeiro lugar é necessário que os esforços se conjuguem, se unam no sentido do bem, e não se interprete que algo vindo do outro lado que não seja o nosso, é necessariamente contra nós. É necessário e urgente que quem detém o poder, dê ouvidos a quem quer contribuir, para um futuro melhor e mais próspero para todos.
É neste sentido, com este espírito de colaboração, muitas vezes, no passado recente, mal interpretado, que mais uma vez venho expor uma ideia, a qual em minha opinião poderá contribuir significativamente para que a cidade de Almada, o seu comércio, e os seus munícipes, comecem a recuperar dos prejuízos sofridos, de há três anos, a esta data.
Passo a explicar:
Estão em fase de finalização os parques de estacionamento construídos pela CMA, nomeadamente os parques de S. Paulo, junto à escola primária Conde de Ferreira, o parque da Rua Capitão Leitão, junto ao quartel do Bombeiros Voluntários de Almada, os parques da Av. Bento Gonçalves, junto às bombas de combustíveis da Repsol e junto à rotunda do Centro Sul, bem como o parque identificado como “da Citroen”, na Av. D. Afonso Henriques, pouco conhecido por deficiente informação sinalética e pouco utilizado em virtude do seu acesso se processar pela zona pedonal.
Por consequência, acredito que chegou a hora da mudança, já que todos sabemos que o que se está a passar nesta cidade não contribui, de modo algum, para o bem-estar de ninguém, quer comerciantes, quer residentes, quer visitantes, quer governantes.
No meu humilde ponto de vista, a primeira medida a tomar é a abertura da via principal da cidade ao trânsito. Não se compreende que se continue a batalhar na defesa da pedonalização daqueles trezentos metros de rua, na principal avenida, no coração da cidade, que todos sabemos, é a primordial causa do descalabro sentido em todo o comércio e serviços.
A segunda medida a tomar será a de atraír novamente as pessoas para a cidade, para usufruírem do seu comércio, dos seus serviços, através da reabilitação do seu espaço público, com menos pedra e mais zonas verdes.
Em paralelo com estas medidas, proponho que os novos parques de estacionamento, na sua totalidade fora das zonas comerciais, passem a ter utilização em 50% (ou mais) do seu espaço, destinado aos residentes, através de contratos de utilização válidos por 6, 12, 18 ou 24 meses, a preço convidativo, e se proíbam nas zonas comerciais, e principais avenidas, entre as 08H00 e as 20H00, estacionamento destinado a residentes nos lugares existentes actualmente. Nestas zonas, todos os lugares deverão ser taxados e pagos pelos utilizadores durante o dia, possibilitando a quem quer vir à cidade, a quem quer usufruir do seu comércio, a quem necessita de tratar assuntos do seu dia a dia, disponha de locais onde estacionar relativamente perto dos seus destinos, sem a preocupação de ser penalizado e sem a necessidade de correr quase toda a cidade para arranjar estacionamento, e muitas vezes acabar por ir embora, sem que o tenha conseguido e, sem que tenha resolvido o que o trouxe à cidade, além de ficar desmotivado para lá voltar. Esta é a realidade do que sucede ultimamente, em Almada.
Deste modo, por cada veículo de residente que utilize o parque de estacionamento, corresponderá um lugar de estacionamento, nas ruas da cidade, a utilizar por quem a visita.
Espero que esta opinião tenha eco em quem de direito, na defesa do comércio e da vida na cidade de Almada, em tempos uma das mais prósperas do Distrito, actualmente em manifesta decadência em termos comerciais.