12.2.13

É bom para o PS que as eventuais diferenças de visões que existam se transformem em "corridas de cavalos" cínicos?

Estrela Serrano comenta a crise-que-nunca-o-foi-embora-talvez-estivesse-para-o-ser  no PS:

A mini-crise do Partido Socialista teve o seu desfecho no fim de semana passado. Os jornalistas cobriram o caso com ironia e cinismo. Não os censuro. Não apenas porque a actividade política se tornou uma luta de galos ou, como dizem os americanos a propósito da “campanha permanente” em que vivem os partidos e os seus líderes, uma “corrida de cavalos”, mas porque o cinismo foi visível também no lado dos dois políticos directamente envolvidos: António José Seguro e António Costa.

A reflexão é pertinente. É desejável que as disputas internas pareçam uma luta entre um chefe de família de província que cultiva a liderança-eucalipto e uma mente cosmopolita tolhida pelo medo de ser general sem exército no partido dos Paradas? (É obrigatório ler  Pedro Adão e Silva). Um PS tão florentino é bom para o país? Os cidadãos não retaliarão sobre um partido que assim expõe algo ingenuamente as suas fragilidades, como se os seus protagonistas não tivessem consciência de que as paredes dos partidos já nem são de vidro, foram estilhaçadas pela exposição mediática? É bom para o PS que as eventuais diferenças de visões que existam se transformem em "corridas de cavalos" cínicos? 
Tenho muitas dúvidas de que não se estejam a reviver no PS erros passados. Já vi Secretários-Gerais com grande arcaboiço correr de vitória em vitória interna, cada uma maior que a anterior, até ao isolamento final. E nenhuma das vezes em que isso aconteceu o resultado foi bom para o Partido Socialista, nem, na minha opinião, para os portugueses.

2 comentários:

Rui Namorado disse...

Temo que mais do que a uma esgrima de calculismos estéreis que levam ao paroxismo um maquiavelismo de corredor, estejamos perante um prosaivco vazio estratégico. Presos num insidioso vazio ideológico ambos não sabem verdadeiramente para onde deveriam querer ir. Em vez de ousarem uma procura de futuro que valha a pena, fazem tricot com os lugares comuns do cinzentismo político. Agitam-se para suscitarem a ilusão de que se movem.

fernando f disse...

Bem refletido, a cultura do eucalipto versus se me agarram eu...conluo-me, é meio caminho andado para a alternância em vez da alternativa.