21.10.09

Calma, é só um truque do velho escritor

José Saramago decidiu dizer umas frases provocatórias sobre a Bíblia para publicitar o seu novo livro, cujo título se inspira numa história que seguramente deve ser incluida no catálogo da maldade humana. Percebe-se que Saramago é perseguido pelo tema da fé e já escreveu sobre ela com a profundidade de um ateu atormentado com a possibilidade da existência de Deus. Mas as frases de Penafiel não merecem nem uma nota de rodapé na história - que ela própria interessa apenas a quem interessar - da sua relação com Deus. É pena que nem o representante da Conferência Episcopal Portuguesa que lhe chamou "antinobel" nem o Vice-Presidente do Partido Popular Europeu, Mário David, que o convidou a renunciar à nacionalidade portuguesa, tenham percebido o que valem estas palavras. De algum modo, cairam no engodo de Saramago, criando uma questão religiosa e política a propósito de um truque publicitário do velho escritor. Felizmente, o episódio não vai passar disto, porque o catolicismo dos portugueses nunca deu gás a este tipo de querelas.

4 comentários:

C A disse...

Publicidade ou não, acabou por dizer a realidade. Crenças à parte.

Di disse...

... porque é que um ateu tem de estar atormentado? enfim...
Um post que não imaginava vindo de si.
.
"é perseguido pelo tema da fé" --> Enquanto vivermos numa sociedade que acredita em fantasmas, santos, espíritos e deuses em vez de acreditar no Homem não vamos longe.

Hugo Torres disse...

Boa piada, boa piada: «o catolicismo dos portugueses nunca deu gás a este tipo de querelas».

Vera Santana disse...

Concordo com o post. Trata-se de um homem ateu atormentado pela ideia de Morte. Como ateu quer provar a inexistência de Deus, pelo que persegue temas religiosos católicos. Como Velho (esta palavra não pretende ser ofensiva, muito pelo contrário) teme a aproximação do Nada. Como homem revê o Eros . . .

Atitudes - todas - humanas e compreensíveis. A junção das três na actual etapa de vida de José Saramago resultou num ser humano amargurado e crispado consigo, revoltado com o mundo. Escusava de ter feito um livro ou, tendo-o escrito, poderia ter "vendido" o mesmo exaltando Eros e brincando com Deus.

Porque a vida é muito séria e temos de brincar com ela. Por isso sou agnóstica e não ateia.

Quanto a Caim (o livro de José saramago) não tenciono comprá-lo. Lerei o de um amigo.