9.11.10

Um défice de que ninguém fala

Há muito tempo que penso que um dos maiores problemas do nosso país poderia chamar-se défice institucional, isto é que as pessoas que protagonizam as instituições encarnam insuficientemente o estatuto que adquirem enquanto as protagonizam e que a fragilidade que daí resulta as desfoca, diminui a sua eficiência e, no limite as paraliza, quando não as leva a pulsões auto-destrutivas.
A dignidade institucional é um pilar da democracia e não dos menos importantes.
Na actual conjuntura de crise, os diversos orgãos de soberania e os media parecem concorrer para dar razão à minha tese. Da greve de titulares de orgãos de soberania ao homicídio cívico recorrente de primeira página, do aprova mas desaprova o Orçamento de Estado ao Presidente-candidato que não quer que haja campanha, condição mínima de pluralismo eleitoral em eleições por sufrágio universal, os exemplos abundam.
Se os políticos fossem os únicos culpados do défice institucional, já havia um sindicato de deputados e uma associação sindical de membros do Governo e estariam a debater se aderem ou não à Greve Geral ou já teriam aderido.
O que eu não sei é se este défice institucional é o resultado do voo da borboleta ou de design inteligente, mas a ciência política há-de um dia dedicar-se a esse capítulo que me transcende

1 comentário:

Micael Sousa disse...

Um outro défice que nos prejudica por demais é o défice de cidadania activa. Como pode uma democracia funcionar sem cidadão participativos e interessados nos actos de governação (local, regional e nacional)?
Assim, nem etimologicamente cumprimos a Democracia...