13.7.11

Se fosse um concerto dos U2... Lamentável, é a única palavra que me ocorre

Se fosse um concerto dos U2 não faltariam registos video e audio online. Mas é só um debate entre candidatos a Secretário-Geral do PS, não é de esperar que haja militantes entusiasmados ao ponto de trazer as performances dos candidatos para o youtube.
Não deixa de ser anedótico que, no século XXI, um grande partido democrático e moderno receie as discussões de portas abertas. O tempo dos sotãos, das salas cheias de fumo, dos debates restritos a iniciados, acabou. Caso não tenham dado por ela este é o século XXI.
António José Seguro, ao impor à discussão estes hábitos das organizaçõesdo séc. XIX, receosas da contaminação pelo exterior e/ou de que as massas tomem antes de tempo contacto com o que as vanguardas lhs preparam, sinalizou indelevelmente que tem uma concepção anacrónica de partido da esquerda democrática. Não venham com a história da "roupa suja", o PS não é uma família nem um club privado, é uma organização que visa influenciar a sociedade e que deve começar por se mostrar a si próprio como exemplo de defesa radical da democracia.
Os socialistas decidirão no momento próprio, livremente, se Seguro tem razão e as dezenas de milhares de militantes se bastam a si póprias e olham para o mundo "exterior" como algo que receiam ou tentam manipular ou se Assis tem razão, o partido deve ser completamente aberto e a sociedade deve entrar por ele adentro, porque hoje não se justificam muralhas a separar os chamados militantes dos cidadãos socialistas sem cartão. Eles dirão que estilo de partido querem e que tipo de liderança desejam. Se escolherem olhar para trás, os "lá de fora", a seu tempo, explicar-lhe-ão porque erraram.
Entretanto, hoje umas poucas centenas de disponíveis poderão disfrutar do debate entre candidatos.  E se os jornalistas, depois de lhes ser vedade a entrada da sala, ainda entrarem no jogo, todos os outros - militantes e não militantes - terão amanhã a imagem duplamente distorcida do que se passou, veiculada, através das famosas "fontes das candidaturas", sem rosto e sem nome, que tentarão substituir a informação pela propaganda. Tudo isto era regra no século passado, tudo isto hoje é bafiento. Lamentável, é a única palavra que me ocorre.

PS. Sou militante da FAUL, estou no estrangeiro, por isso não posso estar no debate que pressupõe que os militantes podem todos passar pelos candidatos no Altis.

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