Quem avaliar o país pelos discursos de Passos Coelho, os gestos do CDS e os silêncios de Cavaco pensará que estamos a viver uma farsa. Mas como veremos rapidamente, perante o não cumprimento de compromissos com a troika, a falta de força para os renegociar e a dificuldade de gerar plataforma governativa simultaneamente viável, sensível e realista face à gravidade da situação do país, o risco que corremos é ainda o da tragédia. A curto prazo arriscamo-nos a ser todos gregos ou cipriotas ou um misto venenoso dos males de ambos.
Portugal precisa agora de um Presidente da República real e de um Parlamento de democratas que prepare o futuro sem deixar de garantir um Governo para amanhã e para a semana que vem. Oxalá ao menos os meus amigos do Largo do Rato se não esqueçam disso na vertigem do regresso ao poder. Precisamos de ir a eleições depressa, mas sem Passos nem Portas nem vazio governativo de meses. Governo de salvação nacional, forte e credível, já. O relógio da crise não parou.