22.6.09

Os nossos 28 magníficos e o bando dos 4 do FMI

"Em primeiro lugar, os governos deviam assegurar que os programas existentes não são cortados por falta de recursos. Os governos sujeitos a regras que obrigam a orçamentos equilibrados podem ser forçados a suspender vários programas (ou a aumentar as receitas). Deviam tomar-se medidas para contrariar o carácter próciclíco dessas regras. No caso das entidades subnacionais, esse efeito pode ser mitigado por transferências do governo central. Em segundo lugar, os programas de despesa, dos de reparação e manutenção aos projectos de investimento atrasados, interrompidos ou rejeitados por falta de fundos ou considerações macroeconómicas, podem (re)começar rapidamente. Alguns programas de elevado perfil, com boa justificação de longo prazo e fortes externalidades, podem ajudar também, directamente e através das expectativas. Dado o maior nível de risco que as empresas enfrentam nesta altura, o Estado pode ainda aumentar a sua participação em parcerias público-privadas referentes a projectos que seriam, de outra forma, suspensos por falta de capitais privados." Dos dois parágrafos anteriores, apenas a tradução é minha. Os seus autores são quatro economistas, António Spilimbergo, Stevem Simansky e Carlo Cottarelli do FMI, bem como de Olivier Blanchard, do MIT. O texto de que estes parágrafos foram traduzidos é sobre política orçamental para contrariar a crise, foi publicado em Fevereiro, em versão resumida , num excelente blogue económico e retoma as ideias de uma IMF Staff Position Note, dos mesmos autores, emitida em Dezembro passado. Depois do bombardeamento mediático a propósito de um manifesto de 28 economistas nacionais que começou a ser notícia ainda antes de poder ser lido, perguntei-me se a contradição entre tudo fazer para que parem investimentos previstos ou sugerir que avancem até os que estavam suspensos, que divide os nossos 28 dos outros 4, será fruto de que os nossos respeitáveis economistas acham que os outros 4 são um bando de irresponsáveis que anda a aconselhar o mundo na direcção errada. Aliás, falhou-me qualquer coisa na lógica económica do famoso manifesto dos 28 enquanto documento de economistas que aconselham um país a ter uma estrategia de longo prazo para resistir ao impacto da crise mundial. Ou será que a sua racionalidade é de curto prazo e de outra natureza? Se fosse assim, pelo menos percebia-se.

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