Um dos temas que me chocou quando me dediquei a estudar as fórmulas de cálculo das pensões, foi o dos trbalhadores por conta de outrém apanhados aos 50 anos pela crise dos anos oitenta que, não conseguindo retomar empregos ao mesmo nível, viram desaparecer as suas reformas pelo efeito de uma fórmula de cálculo que pressupunha que os últimos 15 anos de desconto eram os de maiores rendimentos
A situação mudou, mas o risco de erosão das reformas por efeito da crise não desapareceu. Este texto aponta um efeito pouco estudado da crise nos EUA: estima, com base em dados dos últimos trinta anos, que os trabalhadores com melhores salários irão atrasar a sua reforma dada a situação do mercado de trabalho, mas que os que têm menores rendimentos e caem no desemprego farão, pela mesma razão, o contrário. Devido a esta resposta à dificuldade de voltar a encontrar emprego irão, consequentemente, receber pensões mais baixas para o resto da vida.
Não sei se há alguém a estudar o fenómeno, ou com que intensidade ele se replicará agora em Portugal, mas o efeito combinado do desemprego prolongado na fase final da vida activa com as penalizações por antecipação de reforma pode ter, também cá, um efeito de redução real das pensões e de aumento do risco de pobreza dos idosos que passa despercebido, como passou nos anos oitenta.
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