11.3.10

No país dos mexericos, as agendas ocultas têm muita força.

Se conversar em privado com um amigo seu de há dez anos em tom descontraído, lembre-se que ele pode por sua vez contar essa conversa, também em privado, a um amigo com interesses e contactos, que não respeite nem a privacidade nem a confidencialidade pedida. Pelo contrário, contra a sua vontade e a sua interpretação, pode vingar outra bem distinta. A seguir, é só esperar para ver qual é o jornal de serviço à causa e assistir aos efeitos da sua imprudência ou confiança excessiva em quem não a mereça.
O eloquente exemplo do sentido institucional dos personagens de um caso assim, passado entre almoços e jornais, é hoje relatado pelo i. Num país que perdeu o sentido da dignidade das funções e a noção da fronteira entre o público e o privado, veja lá com que amigo vai almoçar hoje.
Houve um tempo em que havia sempre alguém à escuta. Mas, então, as pessoas acautelavam-se porque sabiam que não viviam em democracia nem num Estado de direito. Agora, que andam descuidadas, a  brincar, a brincar, entre dois copos de tinto, podem abrir a porta aos que não se importam de destruír vidas para servir as suas agendas ocultas.

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