30.8.12

Que se passa com a balança portuguesa de bens e serviços?


O Nº 2 do Barómetro das Crises do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra dá uma boa imagem. Mostra como as exportações estão a crescer, mas se ressentiram fortemente em 2008 da crise económica internacional que os "teóricos do regabofe orçamental nacional" nunca viram. Recorda como continuamos a concentrar os nossos excedentes comerciais em calçado, têxteis e madeira e cortiça enquanto temos défices fortes nos combustíveis, máquinas e aparelhos e indústrias químicas. Regista que a diversificação de mercados existe, mas continuamos, sobretudo ligados à Alemanha e à Espanha e à UE no seu todo e, conclui com um paralelismo preocupante: do ponto de vista do comércio externo, Portugal não pode dizer que não é a Grécia.
Eis a conclusão dos autores do boletim sobre o reequilibrio em curso da balança de bens e serviços de Portugal:

O reequilíbrio da balança de bens e serviços não é, por si só, um sintoma de recuperação económica ou um atributo de uma economia pujante, sobretudo quando decorre de uma redução das importações obtida principalmente pela contração da procura interna. As políticas de austeridade em curso têm sido extremamente penalizadoras do consumo privado, do consumo público e do investimento.
De resto, o padrão de evolução das exportações, das importações e do saldo da balança de bens e serviços portuguesa apresenta uma notável similitude com o de outro país sujeito à mesma estratégia do “ajustamento estrutural”, a Grécia (...). No que diz respeito à evolução das exportações de bens e serviços, ambos os países registaram uma recuperação, no caso português mais intensa, após a quebra verificada no contexto da crise iniciada em 2008. As exportações de bens e serviços da Grécia revelam igualmente uma desaceleração do seu ritmo de crescimento a partir da segunda metade de 2011. No que diz respeito às importações a retração verificada na Grécia tem sido mais forte do que em Portugal.
Além do mais, a previsão de um reequilíbrio da balança de bens e serviços portuguesa depende de uma evolução favorável das exportações que está envolta em incerteza. A desaceleração económica observada no conjunto da União Europeia e, em particular, a recessão que atinge os países da Europa do Sul pode afetar negativamente a evolução das exportações nacionais. É de destacar as dificuldades que atravessa o principal destino das exportações portuguesas, a Espanha. (o link sobre a citação conduz ao texto integral do boletim)

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é: desinveste-se aqui e desinveste-se lá (veja-se Espanha)e daí baixa de exportações de máquinas e aparelhos, afectando empresas normalmente mais "qualificadas" que as têxteis. Ou seja, austeridade bloqueadora do desenvolvimento, apesar de ilusões de maior cpmpetitividade.
Cláudio Teixeira