23.6.09

Há mais uma razão para dar de comer aos surfistas

Acontece, estando longe, ter pena. Hoje é um desses dias. O Pedro Adão e Silva lança um livro sobre surf, dizem. Mas se José Tolentino Mendonça diz que "é um dos mais belos livros da poesia portuguesa", é porque é muito mais que isso, de certeza absoluta, que o poeta não é dado a hipérboles sobre fenómenos terrenos. Acontece, também, estando metade de mim muito contente, a outra estar superiormente irritada. Ainda bem que o Pedro criou estas crónicas que eu, animal sedentário e terrestre, vou ler para desfrutar dos poemas que acredito que sejam. Mas não consigo deixar de pensar que nos últimos anos devia ter tido muito menos tempo livre para as escrever, se Portugal fosse o país que devia ser e muitas vezes me convenço que não é. Nem consigo imaginar como será "uma série de textos singulares capazes de percorrer a distância entre Kelly Slater e Cesare Pavese, passando por Zico ou Tiago Pires" como escreve o Vasco Mendonça, na Surf Portugal. Mas se o Vasco diz, como aprendi nos últimos meses, é bem capaz de ser ainda mais do que assim. Há, pois ,mais uma razão para um país dar de comer aos surfistas: inspiraram este livro. Digo eu que ainda não o li, mas conheço muito bem o Pedro e sei que se não merecesse ser lido ele o tinha entregue à implacável crítica dos ratos. Os que estão aí não têm desculpa. Eu, infelizmente, só chego amanhã. O lançamento é hoje, às 19h30, na Ler Devagar.

2 comentários:

P. disse...

10:00. 2 cafés. Espírito toldado. Não percebo. Querias que ele escrevesse o livro? Não querias que ele escrevesse o livro?

António Souto disse...

Não sou surfista. Não percebo nada de surf. Não sei sequer, infelizmente, nadar.
Porém, gosto de sol, de praia, de mar e de muita poesia. E sei que também o Paulo gosta de versos.
Gostamos de palavras com identidade, daquelas de Amigo, mais sinceras, à D. Dinis, amante igualmente das ondas do mar (de Vigo) e do prazer de as cantar.
Ainda não vi o livro do Pedro, e por isso o não li ainda, mas fica aqui a promessa de lhe descobrir o sal, esse sal da terra, paródia ou réplica do conceito predicável tão querido ao Pe. António Vieira ("Vos estis sal terrae").
Parabéns ao Pedro pelo vagar!