4.6.09

O município de Lisboa tem a sensibilidade de esquerda no apoio a desempregados que hoje falta a Almada

Quando o desemprego cresce e a economia tem maior dificuldade em gerar empregos é ainda mais importante criar condições para que pessoas vulneráveis ao desemprego de longa duração não caiam em situação de exclusão social. Os programas de apoio a experiências profissionais de transição cumprem, então, um papel fundamental. Em Portugal esse papel tem sido desempenhado pelas actividades ocupacionais e as empresas de inserção. O Governo reformulou recentemente as actividades ocupacionais, estimulando o surgimento de protocolos que permitam experiências de trabalho de inserção. As autarquias e as instituições de solidariedade que o desejem podem acolher desempregados proporcionando-lhes uma nova experiência profissional e melhorando os serviços sociais às populações. Esta experiência tem enormes potencialidades na prevenção e combate à exclusão, não apenas dos desempregados beneficiados como das comunidades em que prestam serviço. Da melhoria da limpeza do espaço público aos serviços a idosos, das funções auxiliares em escolas ao zelo pelos equipamentos dos bairros, da manutenção de edifícios às pequenas reparações, há muitas oportunidades de melhorar a qualidade de vida quer de desempregados quer das populações em geral. A Câmara Municipal de Lisboa. tal como muitas outras, percebeu bem o que está em jogo e admitiu ontem 159 desempregados de um total de mais de três centenas que vai acolher de seguida. A Câmara Municipal de Almada não percebeu nada do que está em jogo ou, o que é pior, não teve o mínimo de sensibilidade necessário para contribuir com o seu próprio esforço para dar uma nova oportunidade a desempregados melhorando os serviços à população. Se o município acolhesse duas a três centenas de desempregados em funções sociais tinha um grande impacto na diminuição do risco social de exclusão no concelho. Se estes desempenhassem funções em alguns bairros em risco de degradação melhorariam substantivamente o espaço público, se coadjuvassem na limpeza e no cuidado de várias zonas da cidade, diminuiriam seguramente o desmazelo que se vê em amplas zonas do concelho. Se colaborassem na calcetagem de passeios teriamos menos àreas esventradas e esquecidas de obras passadas e mal acabadas. Se prestassem serviço em escolas, centros de dias e lares de idosos, teriamos pessoas mais bem apoiadas. Todas estas oportunidades de inclusão social se estão a perder por desinteresse do município. Para que não se perca tudo, valha-nos que as instituições de solidariedade e em particular a Misericórdia de Almada tiveram a sensibilidade que falta à Câmara. Para mim, poder de esquerda que não cumpre mínimo de sensibilidade social não merece a designação. O desinteresse do município pela inserção de desempregados é mais um sintoma de que Almada gerida pelo PCP não é governada por uma sensibilidade de esquerda.

1 comentário:

P. disse...

E eu percebo o teu ponto de vista em sublinhares as vantaens para quem tem um oportunidade de se reinserir.

Mas eu vejo tb a enorme vantagem para quem pode receber um multitude de pequenos serviços "invisíveis": idosos que podem receber as compras em casa, mães que não ir buscar os filhos à escola, como dizes, limpezas de espaços públicos, ... que tanto podem facilitar a vida às pessoa por custos mínimos. Os próprios beneficiários estão por vezes dispostos a comparticipar!

Mas se te lançares nisso, não te equeças de publicitar convenientemente!