5.8.09

Só o bombeiro incendiário da CMA é que não percebe os protestos no centro da cidade

Tem cabido a António Matos defender o indefensável em relação ao trânsito de Almada, dado que a actual Presidente da Câmara tem tentado - e conseguido - não dizer nada sobre o assunto nem ser interrogada acerca dele. mas tem-no feito desastradamente, antes aumentando a tensão entre os comerciantes e o município. Agora, junta ao rol de frases infelizes e incendiárias a notável afirmação de que o problema acontece, diz ele, numa "pequena àrea de Almada" e a acusação de "pirotecnia mediática" aos comerciantes. António Matos, em nome da CDU, ao reduzir os problemas do centro urbano de Almada a uma contagem dos metros quadrados que ocupa demonstra que não percebe a função de um centro urbano. Por definição, não deve ser muito extenso. Igualmente por definição deve ser plurifuncional, acessível e dinâmico. Ora, o que a falta de sensibilidade da Câmara fez foi torná-lo dificilmente acessível, ao cortá-lo ao meio, amputando a maior avenida da possibilidade de ligar nascente e poente da cidade. O que a ausência de uma programação de animação coerente emínima fez foi não lhe dar dinamismo de nenhum tipo, potenciando a desertificação. A falta de visão estratégica fez ainda com que não fossem isntalados no centro quaisquer novos espaços-âncora, como o seria a Loja do Cidadão, que atraíssem as pessoas, a diferentes horas do dia. Tudo isso junto, os erros e omissões da Câmara ameaçam a plurifuncionalidade do centro urbano de Almada, como os comerciantes perceberam. Eles são apenas o grupo que actualmente se manifesta mais ruidosamente. Eles sobrevalorizam até, no seu discurso, apenas um factor, aquele que imediatamente percebem como seu adversário, no caso as restrições absurdas e irracionais ao trânsito automóvel. Mas há muitos outros, da falta de paragem de táxis e erros na sua localização à gestão do estacionamento; da ausência de uma carreira urbana coerente aos erros de desenho do percurso do Metro e das suas paragens; de não se ter pensado melhor a localização de equipamentos colectivos à falta de programação cultural adequada e acontecendo ao longo dos doze meses. A CDU pensa - como já o deixou claro em comunicado - que dar vida ao centro de Almada é patrocinar uma vez por ano as iluminações de Natal, subsidiar uma tômbola electrónica e um desfile de moda. Agora, pensa que oferecer estacionamento gratuito de 1 a 15 de Agosto, quando as pessoas estão de férias, é uma medida capaz de silenciar os protestos. Levou tão longe os seus exercícios de propaganda que já os confunde com realidade. Ter política para o centro da cidade é muito mais do que isso. Os comerciantes sentem-no e os cidadãos sabem-no. Só o bombeiro incendiário da CMA e quem ele representa não o percebe. Perante a gravidade do que está a ocorrer, que António Matos venha agora acusar os cidadãos de seguirem um ou outro partido que não o dele, resulta da sua própria cegueira face aos problemas. Já todos viram que o centro tem que mudar, não há pressões ilegítimas da CDU sobre pessoas ou dirigentes associativos que o calem. Mas, que diga que agora os especialistas estão a estudar o assunto, quer dizer apenas que está a tentar comprar tempo para minimizar danos até que passem as eleições. Por isso, repito, não há boa explicação para que a CDU deixe agonizar o centro de Almada e agudizar o conflito com os comerciantes. Se não os ouvir antes das eleições, nós resolveremos o problema depois , porque Almada precisa de nova política para o centro da cidade e a CDU já não é sequer capaz de perceber o conceito subjacente a tal política. A tentativa incendiária de dividir os comerciantes, de dividir os interesses do centro da cidade do resto do concelho e de adiar decisões que podem ser tomadas já, apenas tornam claro que a CDU não tem energia para resolver o problema. O uso de um vereador para esconder a responsabilidade pessoal de Maria Emília de Sousa nas decisões tomadas e na sua não revogação são apenas pequenos truques que não enganam um eleitorado democrático e maturo como o de Almada. Por isso renovo o desafio à CDU para que tome enquanto ainda está no poder as medidas que podem ser tomadas já, como a revogação do Plano Mobilidade XXI e não se escude em estudos técnicos que agora não são necessários. Basta andar pelo centro da cidade para perceber o problema. Não é quem protesta que está contra a CDU, é a CDU que passou a estar contra o centro da cidade.

2 comentários:

José Rosa disse...

Meu Deus, tanto alarido! Os comerciantes não sabem olhar para o seu próprio umbigo e depois levam inocentes como o senhor Pedroso atrás, que lhes quer agradar! Compreende-se. Não costumava ir ao centro de Almada, mas deu-se a ocasião de ter arranjado um emprego aí perto recentemente e, todos os dias, numa vista priveligiada da praça S. João Baptista e um pouco dos aarredores, vejo gente, muita gente, nessa zona. Parece que são mesmo os carros que levam as pessoas às compras, pois se o centro de almada está povoado e ninguém entra nas lojas (ironia aqui!)... Os comerciantes pecam logo por não saber investir em montras atractivas, cartazes, modernização, etecetera, etecetera. Mas não, tem sempre que haver um bode expiatório... Não precisamos de ir longe! Olhem o centro de comercio lisboeta! Passam lá carros sem ser em zonas específicas? Não! O mesmo se passa em Almada! Menos tráfego, mais vida e uma vista deveras agradável. Isto sem contar que, chegou-me aos ouvidos, uma petição de comerciantes de outras zonas de Almada que exigem a pedonalização da sua zona. Meu Deus! (Ironicamente sou ateu...) Tenho é pena que um excelente político como o senhor Pedroso vá nas cantigas (ou devo dizer jingles?) comerciais... Tenho muita pena, até me convenceria sériamente, se não fosse esse revés...

Anónimo disse...

Soube que a presidente já vai aparecendo, a pé, no centro da cidade!!!
Grande milagre!
Ela que só ia de carro de casa até à CMA e dali, à cabeleireira...
Mas pelos vistos ainda não percebeu o que se está a passar.
Custa-lhe dar o dito e feito como errado e espera que a sua(dela) inefável presença, faça o milagre de trazer as pessoas para o centro da cidade.
Já lá vai o tempo em que a sua aparição suscitava muitas alegrias e desejos de beijoquices.
Agora, passeia-se só, olhando os transeuntes que, de pouco habituados à sua presença, até julgam tratar-se de uma outra pessoa!
Tudo tem o seu tempo, senhora!
Agora é a vez de quem viu com olhos de ver outras terras e outras culturas e por isso é capaz de fazer melhores propostas!

Paulo Pedroso, por favor, ganhe esta Câmar... liberte-nos deste marasmo!