8.9.09

Para já, o Bloco não quer renovar a esquerda, apenas enfraquecer o PS. É pena.

A liderança do Bloco de Esquerda fala hoje das iniciativas que partilhou com Manuel Alegre como se não tivesse sido logo evidente que estava apenas a fazer um número mediático paraunitário e não a promover uma séria reflexão sobre o futuro da esquerda em Portugal. Luis Fazenda, talvez com maior franqueza e seguramente com maior clareza que Francisco Louçã deixou-o logo nitidamente escrito, como registei aqui. Mário Soares, com clarividência, escreveu já há alguns meses sobre o resultado a que conduz a estratégia actual de agressividade em relação ao PS por parte do BE e também do PCP. A progressão da campanha eleitoral e a exposição mediática que ela provoca vai tornando mais nítidos os contornos da estratégia de quem comanda o Bloco. Como bem nota o Porfírio Silva, a entrevista de Francisco Louçã ao Público é um passo importante nessa clarificação. Diz o Porfírio e eu subscrevo: É tempo de avisar aqueles que esperavam que o BE ajudasse a renovar a esquerda: este homem vai desperdiçar os votos do Bloco em nome da sua ambição. Ele pode querer ficar na história como o primeiro líder trotskista deste mundo (e de qualquer outro) a ser primeiro-ministro. Mas uma "experiência histórica" desse calibre só interessa a meia dúzia de iniciados. E a nossa vida concreta interessa a todos nós. Francisco Louçã está inebriado com o momento político do Bloco. Infelizmente, não superou ainda nenhum dos seus atavismos e está a conduzir o seu partido para fazer parte do problema político pós-eleitoral e não das novas soluções para que a esquerda possa governar Portugal. Tenho pena.

2 comentários:

Anónimo disse...

Bom Dia, Caro camarada Paulo Pedroso, não posso deixar de concordar com o seu ponto de vista, aliás muito bem suportado na visão sempre clara do nosso Camarada e fundador Mário Soares, no entantonão podemos esquecer que este PS que nos tem governado à direita de esquerda tem pouco e deste modo também poucas iniciativas tem tido para que pós eleições se possa convergir com forças de esquerda nomeadamente o BE.
Pelo contrário tem chamado pessoas que gravitam sob influências neoliberais que oscilam entre o tal bloco central de interesses.
Como militante do PS nada me daria mais satisfação como uma vitória da esquerda seguida de governo de esquerda mas sem medos e complexos, sei que com este PS ao qual desde a chegada do actual secretário geral vou perdendo afinidades....é dífícil lá chegar, temos que saber o que queremos e priviligiamos, temos que saber ser coerentes, se a opção é um PS como o que nos últimos tempos temos tido a governar provavelmente será melhor passarmos algum tempo a meditar no que somos na oposição.

CN disse...

Louçã e o Bloco têm toda a legitimidade para serem ambiciosos. Qual é o político que foge a essa regra? Não sei se o BE deve carregar todas as culpas pelo divisionismo da esquerda. O PS deve ter algumas no cartório, pela certa. E este governo não foi o mais conciliador, nesse aspecto. Além de que existe mais esquerda para além do BE. O PC está aí, o PCTP/MRPP está aí e alguns dos partidos emergentes deve caber no catálogo da esquerda, não? Entendam-se, fortaleçam o que vos une e não o que vos divide. Ou então, não se queixem.