6.10.12

Envelhecimento: o género conta


A promoção do envelhecimento activo tem esquecido que as desigualdades de género se prolongam ao longo da vida e em particular na distribuição assimétrica da função de cuidar em muitas sociedades. Sara Falcão Casaca e Sally Bould reflectem sobre o fenómeno num artigo a ler  da plataforma Barómetro Social. Fica o destaque:

As orientações políticas e as medidas associadas ao prolongamento da vida ativa não têm integrado a dimensão de género. O aumento da esperança média de vida tem tido um impacto diferenciado nas experiências das trabalhadoras e dos trabalhadores com mais de 55 anos de idade. As mulheres enfrentam agora uma maior probabilidade de terem pessoas idosas ao seu cuidado, sobretudo naqueles contextos onde escasseiam os equipamentos públicos e/ou estruturas formais de apoio à população idosa. O envelhecimento ativo acarreta, assim, novos desafios e tensões na vida de muitas mulheres, cujo quotidiano se reparte pelo cumprimento de responsabilidades várias, seja na esfera laboral, familiar (domínio onde são as principais prestadoras de cuidados a elementos progenitores e/ou a crianças mais pequenas – netos e netas), seja ainda na comunidade mais vasta. À exceção de um conjunto de boas práticas isoladas e de algumas orientações seguidas em alguns países nórdicos (Dinamarca e Suécia), em geral as políticas promotoras do envelhecimento ativo têm negligenciado áreas relevantes de apoio – desde a criação e disponibilização de equipamentos e serviços de assistência às famílias (tanto destinados a crianças como a pessoas dependentes) até às oportunidades de aprendizagem durante toda a vida ativa.

1 comentário:

fec disse...

um destaque bem merecido

o caso dos países nórdicos é paradigmático: metade da força laboral do país a exportar muito competitivamente e a outra metade a fornecer bens e serviços internos (como este aqui mencionado) de elevadíssima qualidade