11.10.12

Ideias para uma esquerda europeia e contributos portugueses precisam-se.


Europe & the Good Society: After the Crash

Ontem lamentei aqui mesmo a falta de ideias nos partidos social-democratas para uma resposta de esquerda europeia à crise. Hoje caiu-me na caixa de correio um novo panfleto que pretende contribuir ara a formação dessa resposta, de Thorben Albrecht (Chede do Departamento de Política e esttratégia do SPD/Alemanha) e Neal Lawson (Presidente do grupo de pressão da esquerda demcorática inglesa Compass).
Este texto (Europe and the good society: after the crash) continua um debate aberto em 2009 por um outro (Building the Good Society - The project of the democratic left), que foi debatido Europa fora e em que eu próprio pude participar numa das sessões de discussão, em Londres, com o apoio da Fundação Friedrich Ebert e do Compass, Revejo-me em linhas fundamentais deste novo texto, tais como as de que:

a) "os sociais-democratas europeus têm ainda que desenvolver uma agenda política que permita reancorar o capital às sociedades e às democracias perante as quais (pode e) deve ser responsabilizado" (p. 2)
b) para governar pela esquerda não basta ganhar eleições, é precisa uma "nova aliança de ideias, forças, organizações e segmentos da sociedade que beneficiem de uma boa sociedade" para criar uma nova maioria pós-liberal (pp. 2-3)
c) a esquerda não deve preocupar-se apenas com a distribuição de recursos mas também com a riqueza é criada justamente e, por isso, de modo sustentável (p.3)
d) a nova agenda deveria incluir:

  • ligar a recuperação económica a políticas salariais que reconheçam a relação entre procura e justiça, movendo a Europa em direcção a um salário mínimo europeu (p. 4);
  • repôr o capital financeiro na função de servidor do resto da economia e da sociedade, o que incluiria a necessária separação entre banca de retalho e banca de investimento e a criação de um imposto sobre as transacções financeiras, pelo menos em toda a Europa (p. 4)
  • impôr reformas fiscais em particular em matéria de impostos sobre as empresas e de fuga ao fisco, implicando: contabilidade país a país, para saber quem paga impostos e onde; troca automática de informação entre países europeus sobre rendimentos de um país por residentes noutro; registos efectivos das empresas emc ada país para se saber quem possui o quê e onde, de modo a ter a certeza que os impstos são cobrados adequadamente (p. 5).


Evidentemente, é só um panfleto. E é germano-britânico, faltando-lhe uma perspectiva plenamente europeia. E, ainda, ignora as questões imediatas da resposta à crise financeira e da necessidade de solidariedade entre países com assimetrias económicas sérias. Mas é um começo.
Nós, em Portugal, também necessitamos de reflectir sobre esse começo e a ideia fundadora do Compass, que evoluiu de think-tank para um grupo de pressão com ligações políticas óbvias mas um âmbito de intervenção extra-partidário também poderia fazer parte do pacote da reflexão a fazer. Porque a aliança necessária ao governo pela esquerda, já se viu que não saírá facilmente das direcções de nehuma das forças partidárias da esquerda, demasiado ocupada em demarcar as suas àreas de influência e em competir entre si para poderem alimentar sequer a reflexão sobre plataformas de mudança-

1 comentário:

António Nunes disse...

Por favor, deixem-se de terceiras vias. Há que ter coragem. Os pilatres enunciados são louváveis. Agora, a ação concreta tem deixado muito a desejar. Se for algo tipo Blair&Giddens deixem-nos lá estar no seu canto.