9.7.13

Decisão talvez mais irrevogável que a de Portas

Se consegui passar toda a crise do Governo sem ter o impulso para escrever  um comentário sobre a irrevogabilidade da decisão de Paulo Portas, as mentiras parlamentares de Maria Luís e o sucesso dos lancinantes apelos de Passos Coelho, com excepção da nota patriótica do post anterior, só pode ser porque a veia político-blogosférica está pouco saliente. 
Aproveito a ocasião e tomo a decisão  de suspender as prosas que aqui verto desde os tempos em que era quase o único socialista a não louvar quotidianamente Sócrates.
A decisão não é necessariamente irrevogável, mas é capaz de demorar mais tempo a ser revista que a saída de Portas do Governo.
Bom Verão a tod@s.

3.7.13

O relógio da crise não parou

Quem avaliar o país pelos discursos de Passos Coelho, os gestos do CDS e os silêncios de Cavaco pensará que estamos a viver uma farsa. Mas como veremos rapidamente, perante o não cumprimento de compromissos com a troika, a falta de força para os renegociar e a dificuldade de gerar plataforma governativa simultaneamente viável, sensível e realista face à gravidade da situação do país, o risco que corremos é ainda o da tragédia. A curto prazo arriscamo-nos a ser todos gregos ou cipriotas ou um misto venenoso dos males de ambos.
Portugal precisa agora de um Presidente da República real e de um Parlamento de democratas que prepare o futuro sem deixar de garantir um Governo para amanhã e para a semana que vem. Oxalá ao menos os meus amigos do Largo do Rato se não esqueçam disso na vertigem do regresso ao poder. Precisamos de ir a eleições depressa, mas sem Passos nem Portas nem vazio governativo de meses. Governo de salvação nacional, forte e credível, já. O relógio da crise não parou.

1.7.13

RMG - 17 anos já é algum tempo

No dia 1 de Julho de 1996 o Rendimento Mínimo Garantido entrou em vigor sob a forma de projecto-piloto de base territorial. Lançavam-se as bases para as parcerias sociais que haveriam de frutificar noutras medidas e criava-se a peça que faltava no edifício da protecção social portuguesa. A quem à direita fez tudo para que a medida não nascesse invocando que uma vez criada seria irreversível há hoje que dar razão - era irreversível. A quem dizia que seria incontrolável, há que lembrar que as dificuldades do Estado como regulador andaram por outras bandas que não as sociais.
Em 1996 não sabíamos se o RMG sobreviveria. Mas sabíamos que era necessário. Não imaginávamos é que em 2013 ainda o fosse tanto. 
Entretanto mudaram-lhe o nome, mas que importa o nome? Também o desfiguraram um pouco, mas nada que a sensibilidade social e o bom-senso não consertem com facilidade, nem que seja só na próxima esquina da alternância.