12.1.10

Uma homilia por igreja?

A novela dos comentários semanais na televisão portuguesa está a viver um novo episódio com o previsível fim das homilias dominicais de Marcelo por causa da falta de vontade de continuar as homilias laicas das segundas de Vitorino.
O Público online noticia que o critério salomónico da ERC é interpretado pela RTP como defesa de que, se Vitorino rompe o bloco central no comentário, então não há homilia para ninguém. Mesmo que assim fosse pergunto-me se não há por aí outr@ candidat@ a "Marcelo do PS" e sou capaz de encontrar dois ou três. Basta ir aos frente-a-frente da SIC Notícias...
Mas o normativo absurdo sobre pluralismo televisivo da ERC que confunde pluralismo no comentário com distribuição de tempos de antena continua. Azeredo Lopes, por quem tenho respeito, mas que nesta questão tem percebido tudo ao contrário, está insatisfeito porque não há comentador democrata-cristão, comunista nem trotskista. Admito que tenha dito comunista para não dizer estalinista, que era menos elegante, mas trotskista que se preze havia de ficar ofendido por ser excluído do comunismo. Registo que se esqueceu da família liberal, dos pós-fascistas, dos maoistas, etc. Ou será que estava a catalogar os partidos existentes?
Em todo o caso, não há pior caminho para a seriedade do comentário político do que assumir que os comentadores não são independentes dos seus espaços políticos de origem. A ideia de que o pluralismo político se atinge dando uma homilia a cada igreja e definindo quotas por credo ideológico é, no fundo, nefasta para a diferenciação de esferas que devia ser apanágio de uma democracia institucionalizada.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tem que haver algum equilibrio, valha-me Deus. Sem dúvida que o bom senso é a melhor regra. Mas na falta dele tem que alguém que impor regras. E a verdade é que tem havido muita falta de senso: basta atentar no número de comentadores afectos à direita e afectos ao PS - a direita dá uma cabazada de 5 para 1!!!

João

Luis Melo disse...

Tal como escrevi aqui

Aprecio muito o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e penso que pode ser uma mais valia para o país e para o PSD. Concordo com algumas coisas que ele diz, mas também discordo profundamente de outras. Há cerca de 2 anos que deixei de seguir “religiosamente” a sua “missa” ao Domingo, porque ultrapassou o mero programa de comentário político.

A RTP vai acabar com o programa “As Escolhas de Marcelo“, em consequência do fim do programa “Notas Soltas” de António Vitorino. Se já foi uma aberração a obrigação da RTP criar o segundo, para compensar o primeiro, maior vergonha foi o encurtar do primeiro para igualar o segundo. E agora o escândalo atinge proporções irreais com o fim de um por causa do outro. Tudo isto segundo uma ordem da ERC, que todos sabemos andar a mando do Governo de José Sócrates.

Nem quero aqui entrar por um caminho que me levaria a dizer que, com base no que já se tinha passado antes (as tais bojardas da ERC a mando do Governo), António Vitorino teria feito de propósito para saír (talvez também ele a mando), e deixar MRS sem espaço para se exprimir. Logo agora que estamos a chegar a uma altura complicada para o PS e Governo, e também será agora que o PSD se irá definir e começar a reganhar fôlego. Logo agora que nos aproximamos das presidênciais, e que todos sabem que MRS tem ambição de se candidatar.

Todos estes episódios de compensação são ridículos. Senão, porque não obriga a ERC a fazer um programa desportivo com representantes de Braga, Nacional ou Guimarães, para compensar as dezenas de Portistas, Benfiquistas e Sportinguistas em programas da RTP? Ou porque não obriga a ERC a fazer um programa musical com artistas punk e heavy metal, para compensar todos os outros populares e pop que aparecem nos vários programas da RTP? Porque não obriga a ERC à passagem de filmes portugueses, para compensar a porcaria de filmes americanos (que ainda por cima são sempre os mesmos, basta lembrar “Sozinho em Casa” no Natal ou “Ben-hur” na Páscoa) na RTP?