"New Labour as such is dead, and it is surely time to abandon the term itself." Anthony Giddens faz uma excelente autópsia de um dos últimos grandes impulsos renovador da social-democracia europeia. É certo que em Portugal nunca teve boa imprensa e que esta morte não é alheia aos seus problemas congénitos, mas a estratégia que o Labour desenhou para chegar de novo ao poder continua a não encontrar muitas fórmulas vencedoras de sucesso que com ele rivalizem, à excepção da via escandinava que todos citam mas ninguém tentou seriamente seguir. E quem queira procurar as novas vias para a social-demcoracia europeia não pode simplesmente fechar os olhos e fazer de conta que a terceira via nunca existiu. Pelo contrário, foi um ente de sucesso e se tem muitas culpas no cartório, tem também alguns resultados para mostrar. Quem melhor que um dos seus mentores para fazer a sua autópsia? Lendo, verá que não teve medo de expôr as feridas nem se afastou do que sempre julgou serem as forças daquela via.
Na hora de pensar de novo o futuro da esquerda democrática como projecto político de poder, é mais importante ler os que têm a coragem de dizer o que pensam do que os que apanham sempre a última moda com a facilidade de quem muda de roupa em cada estação.
2 comentários:
Paulo, não podia concordar mais contigo. Cresci e formei-me politicamente a ler esta "coisa" do Labour e sempre muito crítico da giddenização do PS. O debate sobre o futuro da social-democracia tem de ser feito agora, sem chavões, sem tentações "liberais", sem apelos (ou desapelos de conteúdo) eleitoralistas. Um abraço e sempre pronto para o debate ideológico.
Terá a acção política de Tony Blair e o seu New Labour sido um fracasso para o avanço do progresso e da justiça social? Sem dúvida que foi. Talvez tivesse sido ingénuo. Ou talvez, na conjuntura em que assumiu o poder não pudesse ter feito melhor. Recorde-se que Blair foi investido após os mandatos de Margaret Thatcher que com Ronald Reagan protagonizou a entrada em força das doutrinas liberais na América e na Europa.
O Keynesianismo foi incontestado até 1973 e até ao primeiro choque petrolífero! A sua entronização por Roosevelt, que foi eleito em 1932, para acudir à crise que provocou a Grande Depressão, provou o fracasso das políticas liberais para resolver as crises e fazer sair as economias da recessão. A permanência incontestada das ideias de Keynes nos programas de governo durante mais de meio século, mostrou a justeza dos seus princípios e das suas práticas em favor de sociedades mais justas.
As crises petrolíferas, e a sequente subida dos preços do petróleo, a partir de 1973, provocaram uma grande escassez de recursos nas economias ocidentais, demasiado dependentes do petróleo. Isso pode explicar a ofensiva neo-liberal contra o keynesianismo e as políticas sociais. As oligarquias financeiras ficaram à míngua, os recursos financeiros emigraram para o Médio Oriente, rico em petróleo.
Assim, o mais provável é que a crise económica continue e até se agrave, se a Sra Merkel persistir nas suas ideias, que provocam o agravamento da recessão. Depois talvez ela perca as eleições. Mas até lá a crise deve persistir em toda a Europa.
Entretanto, novas ideias precisam-se para, nos dias de hoje, construir uma sociedade mais justa.
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