29.7.09

Madeira: foram três tiros num balão?

André Escórcio pensa que o PSD/Madeira não está preparado para se submeter democraticamente à ideia de que pode sair do poder, também lá ininterruptamente nas mãos do mesmo partido há mais de três décadas. O paralelismo entre o apegamento ao poder de Alberto João Jardim e dos seus protegidos e o de todos os que, em diferentes partidos agem da mesma maneira, talvez não chegando ao mesmo extremo, é enorme. Muitas das coisas que ele escreve sobre a Madeira poderiam ter sido escritas sobre o PCP e Almada, 35 anos depois do 25 d Abril. Por cá não há tiros na campanha eleitoral. A destruição é mais suave, mas não deixa de ser destruição: Não quero nem esse é o meu interesse tecer qualquer consideração sobre a iniciativa do PND. Não deixo de dizer, no entanto, que se tratou de uma actividade com imaginação que através de um investimento não muito significativo (penso eu), atingiria 30 ou 40.000 participantes no arraial. O que me leva a escrever são os tiros, nada mais. Isso é que a todos deve preocupar. Há muito que reflicto sobre as consequências de uma mudança de orientação política na Madeira. E a leitura que faço é que o poder regional, maioritário há mais de trinta anos, não está preparado para ser oposição e respeitar as regras da Democracia. Aquela que hoje é oposição, essa, pelo contrário, é a minha mais profunda convicção, assumirá responsabilidades e não terá tentações de vingança e de perseguição. Será tolerante. Há sinais que provam isso. Do mesmo já não estou certo sobre a reacção daqueles que hoje formam a maioria ao perderem as responsabilidades governativas. Penso que não estão preparados para serem oposição. Também há sérios sinais que sustentam a minha convicção. A eventual perda de privilégios, dos jogos de influência e, portanto, o sentirem-se afastados do poder, grande ou pequeno, poderá redundar em situações de instabilidade, conflitualidade e até de sabotagem. É muito provável que isto venha a acontecer.

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