Em altura de discutir alternativas para que a economia volte a crescer e com discussões orçamentais à porta, volto a citar o último livro de Joseph Stiglitz (cuja leitura já tinha recomendado aqui). Há por aí alguém à esquerda, ao centro ou à direita que se reconheça nas seguintes frases sobre os EUA e queira tirar conclusões sobre a sua transferibilidade para as opções que Portugal terá que tomar, agora, em 2011 e nos anos seguintes?
"In the end, deficit-financed stimulus spending alone remains a temporary palliative, especially as pressures mount in many countries, including the United States, over the growing debt. Critics argue that the country has simply gone from debt-financed private consumption to debt-financed public consumption. While such spending can hel spur the restructuring of the economy that is necessary to ensure longterm growth, too little of money is directed at that goal - and too much has been spent in ways that preserve the status quo.
There are other policies that could help sustain the economy - and replace the debt-financed consumption bubble. For total American consumption to be restored on a sustainable basis, there would have o be a large redistribution of income, from those at top who can afford to save, to those below who spend every penny they get. More progressive taxation (taxing those at top more heavily, reducing taxes at the bottom) would not only do that but also help stabilize the economy . (Stigilitz, Joseph, Frefall, Londres, Allen Lane, 2010, p. 75)
Afinal, pode a crise ser uma oportunidade para redistribuir o rendimento num país que anda entre os campeões europeus da desigualdade?
3 comentários:
Mais do que poder, deve servir para redistribuir. Mas o que mais me preocupa é que "nenhuma" medida tomada é realmente estrutural. A médio prazo vamos novamente cair no desalinho. Os sistemas/regimes em Portugal, como o sistema fiscal, o regime de pensões, o sistema de segurança social, entre outros - são na generalidade cheios de boas intenções mas no fundo os principais causadores da discriminação e das vicissitudes que os levam a ser despesistas e injustos. Cortar na despesa e na receita deste modo é apenas como um ralhete no menino que vai continuar a ver os maus exemplos no pai e na mãe. Em nome da justiça social o PS devia ter a coragem de encetar uma revisão global do sistema fiscal (em primeiro lugar) e da segurança social em segundo. Os interesses instalados vão continuar a ter força e peso, deste modo, o sistema tem de se tornar mais simples e eficaz, e só deste modo poderá ser mais justo.
A crise pode ser uma excelente oportunidade para tudo. Haja na classe política alguém capaz de interpretar e dar expressão política a esta evidência de que, por mais dificil que seja o percurso, estamos diante de uma oportunidade de mudar algumas coisas.
Muito bem observado. Mas o que deveríamos ter era um nivelamento por cima e não por baixo. Os nossos salários baixos nem são suficientemente baixos para competir nem suficientemente altos para termos um forte consumo interno e adequada tributação sobre os rendimentos. Sem dúvida que prefiro a segunda opção. Mas teremos condições para aplicar a segunda hipótese que é, um tanto ou quanto, inspirada pelos modelos escandinavos?
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