25.2.10

Lula e o castrismo: realpolitik a quanto obrigas

Não acredito que nos dias de hoje Lula morra de amores pela ditadura castrista, mas quer ele quer os Castros sabem que o Brasil não pode ser potência regional, pelo menos enquanto durar o bloqueio, sem dar sinais de estar com Cubs contra os ianques. No contexto extremamente embaraçoso de visitar a ilha a seguir à morte de um preso político em greve de fome, Lula, político habilidoso, bem passou para o lado de cá da objectiva, mas o Wall Street Journal não deixou de ver a foto por causa disso.

Fear the boom and bust - o rap do debate entre Keynes e Hayek

Uma lição divertida de economia a que cheguei pela mão de José Serra.

Mentirosos. A vida deles é isto.

Num país em que é tão fácil chamarmo-nos mentirosos uns aos outros, venho aqui dizer alto e bom som que eles estão a mentir, a vida deles é mesmo isto.

24.2.10

Mais um passo para o alargamento do microcrédito em Portugal

O microcrédito em Portugal surgiu, de facto, pela mão de um pequeno grupo de activistas que criou, há uma década, a ANDC. Com o empenhamento dos seus membros, protocolos com a banca e apoios do Estado abriu uma porta que já se estendeu também a iniciativas bancárias autónomas. Desde a semana passada, o Governo abriu novos horizontes a esta medida de inclusão pela participação na vida económica, ciando uma nova figura no sistema financeiro, as entidades financeiras de microcrédito. Apesar de não o mencionar directamente, este diploma é um instrumento da família do que se esperaria do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social.Por mim, gostaria muito de ver entidades da economia social e solidária, incluindo mutualidades, cooperativas e misericórdias tornar-se entidades financeiras de microcrédito, cumprindo os requisitos técnico-financeiros para isso e demonstrando uma mobilização social para a inclusão verdadeiramente à altura da sua importância. Contudo, como é costume acontecer, este regime só terá aplicação real depois da portaria que regula essas entidades ser publicada. Oxalá a portaria saia rapidamente e, já agora, as entidades do sector social mostrem interesse em ser e consigam ser ouvidas na sua elaboração, para que não tenhamos apenas entidades financeiras de microcrédito de papel.

RIP Orlando Zapata



(via Ana Matos Pires) Como aconteceu com outras ditaduras, os movimentos de mães estão entre as vozes mais difíceis de calar em Cuba. Orlando Zapata era um prisioneiro de consciência adoptado pela Amnistia Internacional. Foi condenado a mais de três décadas de prisão por perturbação da ordem pública, a propósito de ter organizado manifestações de solidariedade com presos políticos cubanos.
Morreu na sequência de uma greve de fome. Saiba mais sobre esta nova vítima da ditadura cubana.

Sociedade inclusiva - os taxis adaptados em Almada

O blogue tetraplégicos noticia a existência em Almada de uma empresa de táxis adaptados, que também proporciona serviços turísticos. Penso, não apenas que uma sociedade onde estes recursos estejam disponíveis é uma sociedade melhor, como também que Almada tem a ganhar em ser cada vez mais um concelho amigo da inclusão dos cidadãos portadores de deficiências e incapacidades. Em campanha eleitoral, fiz mesmo algumas propostas sobre adaptação de equipamentos turísticos, nomeadamente de acesso às praias, que iriam nesse sentido e teriam grandes sinergias com esta iniciativa. Por isso, passe a publicidade, queria saudar especialmente a Taxi Autonomy e o seu contributo para o concelho cosmopolita e inclusivo que Almada deve ser cada vez mais.

23.2.10

Nobres princípios, frases valentes

O Daniel Oliveira não gostou de ver Fernando Nobre a defender a sua novíssima candidatura presidencial dizendo, que nem Pacheco Pereira,  que "já ninguém acredita nessas coisas da direita e da esquerda". Mas não deve levar muito a sério estas palavras. Afinal o mesmo Fernando Nobre, para justificar o seu apoio ao partido do Daniel, tinha dito há uns meses que "as ideias que defende o Bloco de Esquerda são as ideias que eu tenho defendido".
Podemos achar o que quisermos do Bloco, mas não podemos acreditar que Fernando Nobre pensava então com honestidade que as ideias do Bloco eram as de que a direita e a esquerda são irrelevantes. Os moralistas em política são muitas vezes assim, intransigentes nos princípios e sólidos até ao dia em que as convicções  não dão jeito aos novos objectivos.
Fernando Nobre poderia ter aprendido com Jorge Sampaio, que nunca precisou de renegar a sua convicção de homem de esquerda para fazer uma campanha presidencial de grande transversalidade. Mas não aprendeu.

A violação do segredo de justiça não pode continuar a ser uma arma de deslealdade processual

A violação do segredo de justiça não pode continuar a ser uma arma de deslealdade processual e um instrumento de julgamento popular perpetrado através de orgãos de comunicação seleccionados e dependentes de tal divulgação para se afirmarem no mercado.
Uma das coisas que me chocou na minha própria experiência pessoal foi ver a investigação criminal da violação do segredo de justiça dirigir-se em primeira  instância a jornalistas, depois a advogados e arguidos e parar à porta de magistrados, funcionários judiciais e polícias, assumindo que estes não teriam intrinsecamente interesse em tal divulgação. É falso, como todos intuimos, mas não podemos provar nem nunca poderemos enquanto os magistrados do ministério público recusarem investigar-se a si mesmos, às suas práticas e às dos investigadores policiais com a mesma objectividade e equidistância com que investigam os cidadãos.
Para que o segredo de justiça deixe de ser uma farsa por vezes trágica é necessário que alguém diga que o rei vai nú, como fez Cândida Almeida e que se tomem as medidas adequadas a que o sindicato que se julga o soviete da justiça resistirá com a mesma energia com que tem politizado a justiça e nem me surpreende, com tristeza o digo, que o distinto Secretário de Estado João Correia o secunde, reafirmando uma  presunção de que, infelizmente, há magistrados judiciais que não merecem gozar.

Ideia simplex 2010, com mais mérito que muitos números de focas


Ouvir as ideias de quem trabalha nas coisas é um instrumento de mudança poderoso, mas negligenciado. Por estranho que pareça ao senso comum, continua a ser pouco utilizado nas organizações em geral e na administração pública em particular. Daí que iniciativas discretas como o concurso Ideia simplex (veja o regulamento aqui) tenham mais méritos do que muitos números de focas que se publicitam amplamente. faço com gosto propaganda à iniciativa. Se é funcionário público, participe. Se não é, também pode aplaudir, se quiser.

22.2.10

Em 2009, a economia portuguesa está mesmo melhor do que poderia esperar-se

A crise económica ainda está aí. Mas, quando se olha para o que já se sabe de 2009 pode dizer-se com propriedade que as coisas correram melhor do que podia esperar-se no início do ano. E, por muito que isso possa contrariar certas cassandrasmuito ouvidas, pode também dizer-se que, do ponto de vista da recuperação da situação económica, Portugal se está a saír melhor do que o simples contexto poderia sugerir.
Não apenas a àrea euro inverteu a tendência para a queda, como Portugal a inverteu mais intensamente do que a àrea Euro, a Espanha e a Alemanha.
Podemos atribuir a responsabilidade da situação ao que quisermos e podemos até desconfiar da sustentabilidade desta tendência, mas que ela aconteceu, o gráfico abaixo não deixa margem para dúvidas. É certo que estamos na fase da ciclotimia nacional em que ninguém acredita em notícias que sejam menos más do que pensamos e José Sócrates bem o deve ter sentido neste ponto da entrevista de Miguel Sousa Tavares. Veja-se, pois, os dados no gráfico, que são do Eurostat.

19.2.10

Aguarda-se a todo o momento uma investigação do Sol em Angola

Em Angola ainda há movimentos de libertação e quem pensar que não é de filantropia que se trata é racista, como todos sabemos.
Aguarda-se a todo o momento que O Sol faça uma investigação jornalística sobre as relações entre política e economia em Angola, sobre liberdade de expressão no país, ou mesmo sobre como se fazem grandes fortunas no local, como penhor do seu apego à liberdade de expressão. Bem sei que é difícil, que o jornalismo de investigação do dito jornal é passivo, pois depende da diligência das fontes e na democracia angolana há uma enorme tradição de as secar  por métodos conhecidos, testados, eficazes e muitas vezes irreversíveis.
Em abono da verdade se diga que O Sol não é o único meio de comunicação social com razões objectivas para não se investir a fundo no conhecimento da situação da liberdade de expressão em Angola. Mas é sempre bom saber de onde vem o ar puro que nos livra da nossa claustrofobia democrática.
Quando os angolanos estiverem cansados, podem tentar o Zimbabwe. Robert Mugabe não se negaria a dar uma ajudinha.

Rangel não gosta de falar nas rupturas no seu passado

Paulo Rangel não gosta de ser claro sobre se passou ou não pelo CDS. Compreendo a ambiguidade, mesmo que não tenha entrado no CDS, parece em muitas coisas que nunca de lá não saiu. Aliás, se ganhasse o PSD dava ao CDS uma oportunidade, para mim inesperada e julgo que indesejável, de voltar a ser o partido do centro em Portugal.

14.2.10

Discover love through art

Discover love through art é uma proposta de mediateca Europeana, a propósito do dia de São Valentim. Aqui ao lado, um exemplo de uma ilustração longínqua do amor, feita para o Roman de la Rose, em 1475. Obtida no exemplar que se encontra na British Library, pode ver-se aqui.

13.2.10

Infelizmente é verdade.

Infelizmente é verdade que já vimos tudo isto. Muito pouca gente parece ter aprendido alguma coisa. Mas houve um tempo em que era mais confortável esquecer e o esquecimento é inimigo de que se aprenda com a história.
Há por cá demasiadas campanhas não orquestradas, na expressão feliz de Proença de Carvalho. Também eu  não consigo ver de outra forma a persistência ou mesmo teimosia com que se continuam a fazer afirmações que não são verdadeiras. Mas, só deixará de as haver ou só se tornará mais difícil que existam no dia em que, perante uma dessas campanhas sem maestro, houver a coragem cívica e a decência institucional necessárias para a desfazer e desmascarar o modo como se produziu. Até lá, continuaremos a rever tudo isto e a deixar que a dúvida corroa a credibilidade de pessoas e instituições.

Morena de Angola (versão de Clara Nunes)

12.2.10

Em Angola, o sol não brilha do mesmo modo.

Há cães que não mordem a mão do dono, embora ladrem violentamente ao que mexe e não mexe e se juguem implacáveis. Será o caso? Providência cautelar não foi, certamente.
Pura espionagem, portanto. Não é, Tomás?

Sócrates conluiado com Moniz? Estão a gozar, não estão?

Cada vez percebo menos os contornos dos tais atentados à liberdade de expressão de que José Sócrates é acusado. Então a tese deste fim-de-semana é a de que o governo teria conspirado, entre outros, com José Eduardo Moniz para criar um grupo de comunicação que lhe fosse favorável? Li bem? A tese é a de que José Sócrates mandou alguém conluiar-se com Moniz? Estão a gozar, não estão? Foi A Bola que leu mal O Sol? O Sol que leu mal o despacho? O despacho que leu mal as escutas?  Ou ensandeceram todos os intervenientes na história, escutados, não escutados e escutantes?

11.2.10

Palavra de vice


Palavra de vice-Presidente, já em tom de Estado. Também não admira que o venha a ser. Tem muitos méritos (incluindo o de ter feito parte do governo de António Guterres, embora na equipa de Pina Moura) e a outra candidatura ficou com os vices do poder actual.
Por mim, contudo, prefiro o Nogueira Leite do costume, menos rendido a pensamentos decadentistas, com entradas mais sustentadas e finais menos institucionais.

A vantagem da transparência

O jornalista independente Mário Crespo, depois de ter visto a crónica da discórdia com o JN publicada no site de um think-tank independente, vê hoje uma editora dirigida por uma deputada independente publicar o livro que procura vender-se por conta dela e escolheu para o apresentar uma personalidade independente. Tem a vantagem de ser transparente. 

10.2.10

Paulo Rangel: a continuidade da ruptura

Paulo Rangel começa bem. "Já não basta mudar, é preciso romper", disse hoje o candidato. Vai, pois, pelo mesmo caminho de quem prometeu "rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social" em Junho de 2009 e depois conduziu o PSD para o abismo do resultado eleitoral das legislativas. Não falta por aí, aliás,quem pense que outra estratégia teria criado dificuldades bem maiores ao PS.
O discurso de candidatura de Rangel tem, pois, dois méritos: revela a inspiração e já se revelou ganhador. Ferreira Leite tem, pois, sucessor à sua altura e o PSD desiste de qualquer ruptura consigo próprio. Boas notícias.
É claro que a ruptura surgiu no espírito de Rangel para se demarcar do "mudar" de Passos Coelho. Também por aí começou bem. A falar sobre projectos para o país? Não, a fazer jogos florais com o adversário interno.

PS. No Albergue Espanhol, contudo, já ficou claro quanto vale a palavra de Paulo Rangel. Amanhã, quem sabe se não dirá que romper é excessivo, basta mudar?

Expressões urbanas: BMX


(via bmxferreira)

Flexissegurança e moderação salarial até 2012: ontem foi celebrado um acordo entre patrões e sindicatos em Espanha

Em Espanha, as confederações patronais (CEOE e CEPYME) e as confederações sindicais (UGT e Comissiones Obreras) celebraram ontem um acordo plurianual sobre emprego e contratação colectiva, para vigorar até 2012.
Com o país mergulhado numa situação de desemprego particularmente grave e ameaçado por uma crise de finanças públicas que teria repercussões por toda a Europa, os parceiros sociais acordaram entre si prioridades para a negociação colectiva, de que destacaria aqui as seguintes:

1. "el mantenimiento y la recuperación del empleo debe ser el objectivo prioritario de la negociación colectiva durante la vigencia del presente acuerdo, incidindo en su estabilidad."

2.  "se deben articular instrumentos que permitan un adecuado equilibrio entre flexibilidad para las empresas y seguridad para los trabajadores, teniendo en cuenta que los mecanismos de adaptación internos son preferibles a los externos y a los ajustes de empleo."

3. "Las partes coinciden en la necesidad de acudir a mecanismos de flexibilidad interna como instrumentos idóneos para el mantenimiento del empleo y de la actividad productiva."

4. "En el actual contexto económico, las Organizaciones firmantes del presente AENC declaramos la intención de llevar a cabo, durante su vigencia, una politica de crecimiento moderado de los salarios que permita el mantenimiento y recuperación del empleo, y que contribua a la reactivación económica."

5. "los negociadores deberían tener en cuenta para la determinación de los incrementos salariales las seguintes referencias://Para el año 2010, hasta el 1%; para 2011, entre el 1% y el 2%; y para 2012, entre el 1,5% y el 2,5%"


O que um patronato moderno e um sindicalismo independente podem fazer pela eficácia das relações colectivas de trabalho! É mesmo aqui ao lado e seria bom para o país que viesse a ser aqui também. Mas, infelizmente, seria pedir muito aos sectores mais anquilosados do  patronato português e aos sectores sindicais políticamente dependentes de agendas partidárias maximalistas e insustentáveis.

Lembram-se dos choques assimétricos e de o Euro não ter previsto mecanismos para os combater? E do risco sistémico?

Paul Krugmann pensa que a raíz da crise que a zona euro está a atravessar radica mais na Espanha que na Grécia, dada a dimensão desta última economia e que não nasceu da irresponsabilidade fiscal - que a Espanha não teve - mas dos choques assimétricos previsíveis da integração monetária sem integração fiscal e social. Para estes, não criámos mecanismos e os países que perdem competitividade ficam apanhados entre dois males: regressão social ou crise económica profunda.
Que fazer? Há quem pense que é só apertar o cinto nas zonas sob pressão até que passe. A proposta de Krugmann é bem mais radical:

I think Europe is now stuck with this creation, and needs to move as quickly as possible toward the kind of fiscal and labor market integration that would make it more workable.

Há por aí alguém que queira ouvir falar desta saída para a "euromess", dolorosa, mas estrutural? Se Krugmann fosse mais específico, julgo que os apoios no centro da Europa seriam ainda menores, mas o milagre das omeletes sem ovos está a sobrar para os espanhóis, os gregos e... os portugueses que queiram viver e trabalhar nos seus países.

Em dia de Orçamento de Estado vale a pena ter a noção precisa do que pode ser feito pelos portugueses e do que só pode mudar se acontecer à escala do euro, sem o que os sacrifícios de hoje se arriscam a ser meros prenúncios dos sacrifícios de amanhã.
Por coincidência, também hoje os Ministros das Finanças se "reunem" de urgência, por teleconferência, para tratar do assunto. Tal como aconteceu o ano passado com a banca, teme-se o efeito de contágio (o risco sistémico) dos problemas gregos a outras economias.
Ontem, num texto interessante e algo polémico, um economista escrevia sobre verdades e mitos em torno da crise da dívida pública um texto premonitório anunciando que a Grécia seria alvo de uma intervenção de resgate da situação de apuros. Escrevia ele:

Contagious debt defaults, along with bank failures, could lead to a double-dip recession in Europe, possibly affecting the US as well. If that were to happen, with the interest rate at the zero lower bound and fiscal policy not available any more, we could face a terribly bad situation. This is the most generous interpretation of why Eurozone governments will bail out Greece.

Hoje,  os Ministros das Finanças estão exactamente a discutir esse "bailout" da dívida grega, aparentemente divididos entre os que admitem o recurso clássico ao FMI, reconhecidamente implacável; uma ajuda bilateral, algo humilhante, que poria o governo grego a responder a condições postas por outro "grande irmão" do euro, como a Alemanha; ou uma intervenção institucional ao nível europeu, que teria que ser tomada por unanimidade e abriria um precedente de assistência mútua que foi deliberadamente restringido drasticamente na criação do Euro.

Tal como os grandes bancos americanos, os Estados europeus são "too big to fail". A Grécia não o seria, nem Portugal, mas o receio de que arraste(m) consigo a Espanha e a Itália despertou a Europa.

A resposta para esta crise parece ser, pois, à europeia: princípios firmes, excepções largas, regras opacas, quadro regulador cada vez mais complexo. Funcionar? Tem funcionado, mas, voltando ao princípio, Krugmann tem razão, criámos uma euromess.

9.2.10

PT/TVI: O ónus da explicação mudou de lado.

O Primeiro-Ministro foi muito claro e respondeu cabalmente ao ataque do PSD sustentado nos paladinos do jornalismo de qualidade "O sol" e José Eduardo Moniz: Mantenho tudo o que disse no Parlamento. Todos aqueles que referem uma ligação do Governo à PT para a compra de uma estação de televisão estão a faltar à verdade. Nunca o Governo deu nenhuma orientação à PT para comprar nenhuma estação de televisão. (clicando, ouve-o de viva voz).
As suas palavras não podem deixar de ter efeito. Não acredito que José Sócrates esteja a mentir nem pode ter havido alguma instrução nesse sentido saída do Governo que não fosse do seu conhecimento, pelo que alguém andou a invocar mandatos que não tinha ou a interpretar fantasiosamente frases cirurgicamente escolhidas, ou ainda, a fazer ambas as coisas e agora são os que tenham pronunciado tais frases e os que as pretenderam cavalgar que devem uma explicação aos portugueses.

O Tiago voltou

Tiago Barbosa Ribeiro voltou a bloggar, agora a partir das suas novas responsabilidades políticas. Boa sorte para a política e para a metapolítica do Tiago.

The wheels of life

Obrigado pela imagem, Maria João.

8.2.10

Há um vereador da CDU Almada que ambiciona ler os meus pensamentos. Engana-se e engana.

Os vereadores do PS de Almada discordam do modelo de gestão do Teatro Municipal. Achamos que deveria ter gestão do município e que esta devia integrar os edifícios do Teatro Municipal e do Forum Romeu Correia. Estamos convencidos que não haveria nenhum prejuízo artístico para a companha residente (a Companhia de Teatro de Almada-Grupo de Teatro de Campolide) e que tal modelo resultaria numa gestão mais eficiente de um modelo que apresenta 350 mil euros/ano de défice no Teatro Municipal a que se junta o défice de Forum.
Estamos ainda convencidos que se a gestão fosse concessionada o devia ser por concurso público e não por adjudicação directa sob a forma de subsídio à cooperativa da referida companhia.
A CDU discorda. Joaquim Benite, compreensivelmente, também. Daí não vem mal nenhum ao mundo. Os almadenses farão o seu juízo sobre a questão e ficam a saber o que cada um defende.
O que é paradigmático da falta de hábitos democráticos dos vereadores locais da CDU é a falsidade que António Matos disse a este site. Não é verdade que eu esteja arrependido de ter votado como votei, nem é verdade que estivesse mal informado. É inadmissível que o senhor vereador me atribua pensamentos que não tenho e inaceitável entre colegas de vereação, que sendo adversários devem lealdade uns aos outros, que recorra a este tipo de declarações. Eu poderia dizer que o senhor vereador fala frequentemente com grande propriedade de coisas de que sabe apenas pela rama, na melhor das hipóteses, mas não quero continuar por aí.
Não percebo que desígnios movem o senhor vereador a proferir publicamente tal falsidade e preferia pensar que se equivocou para não ficar convencido que mente deliberadamente. Porque se assim diz falsidade sobre o que eu penso e posso controlar, como posso estar seguro de que é sincero e diz a verdade sobre coisas que exijam de mim a confiança na sua palavra?

5.2.10

Hoje, em Grândola: Pedro da Silva expõe fotografia

 
                                                  Foto: Riscas III, Pedro da Silva

Hoje à noite, se estiver em Grândola, não deixe de ir à inauguração da exposição de Pedro da Silva.  Pode encontrar uma primeira amostra aqui.

3.2.10

Os russos ainda são comunistas?

"about one half of Russian population is disappointed with transition and a large majority is in favour of high state regulation and state provision of goods and services". (via Rui Almas).

Antes do 25 de Abril era uma profissão

Antes do 25 de Abril parece que as pessoas que se sentavam nos lugares públicos a ouvir conversas tinham uma profissão e até recebiam salário. Admito que agora o façam só por amor a uma camisola qualquer - ou por ódio a outra - mas mantêm a mesma força moral de outrora, tais fontes.
Então, com base em testemunhas tão credíveis e protegidas pelo conveniente anonimato, investigava-se e prendia-se, para que a ditadura se mantivesse. Agora apenas se ataca nos media e para tentar fragilizar protagonistas de que não se gosta. Já é um progresso, não é?
Pobre país o que em pleno século XXI e no meio de uma crise económica gravissima tem o seu prime-time jornalístico ocupado por debate de tão grande envergadura.