A economia portuguesa está doente há uma década e isso notou-se, entre outras coisas, nos crescimentos muito moderados e na incapacidade de conter o aumento do desemprego. Agora que está submetida a terapia intensiva terá dois anos sucessivos de recessão, "o maior recuo combinado da história portuguesa", diz-se. É preciso acreditar na cura para ter ânimo para sobreviver à terapia. Daí que não seja tempo para o PSD brincar às ofensivas liberais nem para o PS se substituir ao PSD de há 6 meses, de modo populista e irresponsável, negando a evidência da crise. Se não foi Sócrates que inventou a crise mundial, ela também não passou a ser ficção quando Passos Coelho chegou a Primeiro-Ministro. Deixemos o PCP e o BE brincar com as dificuldades dos portugueses, convencidos que as capitalizam e concentremo-nos em separar o trigo do joio nas medidas que aí vêm, ou se preferirem, em separar os princípios farmacológicos activos dos placebos e estes ainda dos alucinógenos liberais.
A pílula é tão mais amarga quanto sabemos que a falta de visão europeia da crise fez de nós vítimas precoces de um problema que mais cedo que tarde chegará às barbas de Paris e Berlim. Então, à europeia, serão tomadas as medidas que agora foram recusadas e a pressão sobre nós aliviar-se-á. O que o austeritativismo já nos terá feito não tem regresso, mas nem temos agora alternativa a seguir este caminho nem podemos ter outra esperança que não a de que a Europa prove que existe na hora de gerir o Euro, nem que o faça tarde. tardíssimo, como historicamente sempre faz. Sob pressão, contudo, a Europa tem acabado por tomar boas decisões. Oxalá a história se repita agora.
Sem comentários:
Enviar um comentário