Bento XVI prefere uma Igreja de poucos, firmes e fortes, a uma Igreja com uma multidão de pusilânimes internos e externos." (João Gonçalves, no Portugal dos Pequeninos)
Se trocarmos "Bento XVI" e "Igreja" por um nome de político e de um partido, respectivamente, resulta a descrição de um partido trotskista, sectário e fechado em si próprio, condenado à pequenez e à marginalidade.
Não sei exactamente o que pensa Bento XVI do séc. XXI e admito que ele - que é um homem totalmente do séc. XX - não o perceba, mas se Joseph Ratzinger tivesse esta versão sectária da Igreja Católica Apostólica Romana condená-la-ia a ser nele irrelevante. Antes de mais, o filósofo sabe que a instituição só sobrevive se entender o espírito do tempo, que é, aliás, o que sempre fez, desde que, só para dar um exemplo, adaptou as datas do nascimento e morte de Jesus Cristo às festividades pagãs da Primavera e do Verão. Mais, o cardeal Ratzinger interpretou e definiu - ao divulgá-lo - o cânone da visão do chamado "terceiro segredo de Fátima" de um modo que o coloca claramente como um aviso sobre o perigo do fim da sua Igreja e não é credível que o queira precipitar, embora possa viver atormentado com a possibilidade, que corresponderia a um terrível silêncio de Deus.
Felizmente para a Igreja a que não pertenço, o seu Papa tem conselheiros mais avisados que João Gonçalves e, se é verdade como ele diz, que Ratzinger sabe que não pode ser uma "estrela pop", é igualmente verdade que o seu afastamento das interpretações da década de setenta e oitenta do século XX do Concílio Vaticano II se deve a um regresso fortíssimo ao carácter místico da fé católica que, num filósofo, só pode ser uma opção iluminada pela política.
2 comentários:
O título do post provocou-me curiosidade. Quanto ao conteúdo do post penso que todos têm razão cada um à sua maneira. Já quanto à minha curiosidade não a vi satisfeita. A Igreja católica é trotzkista porque é internacionalista (católica, universal). Não acredita nas possibilidades do socialismo num só país. Por isso o Papa escreveu o que escreveu sobre a globalização. Só a revolução mundial (de atitudes) acompanhada duma regulação mundial da economia é viável. Senão, em lugar do socialismo caímos no estalinismo e na queda do muro de Berlim.
A posição de João Gonçalves não é historicamente correta:
"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." Marcos 16:15.
De facto, a Igreja Católica sempre teve um pendor proselitista. Não foram os descobridores espalhar a Fé e o Império?
Bento XVI nunca poderia seguir as ideias de JG, sob pena de negar um valor intrínseco da Igreja Católica.
Talvez JG pretenda disfarçar a realidade crua de que a IC não está, penso que cada vez menos, a passar a sua mensagem.
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