10.2.10

Paulo Rangel: a continuidade da ruptura

Paulo Rangel começa bem. "Já não basta mudar, é preciso romper", disse hoje o candidato. Vai, pois, pelo mesmo caminho de quem prometeu "rasgar e romper com todas as soluções que têm estado a ser adoptadas em termos de política económica e social" em Junho de 2009 e depois conduziu o PSD para o abismo do resultado eleitoral das legislativas. Não falta por aí, aliás,quem pense que outra estratégia teria criado dificuldades bem maiores ao PS.
O discurso de candidatura de Rangel tem, pois, dois méritos: revela a inspiração e já se revelou ganhador. Ferreira Leite tem, pois, sucessor à sua altura e o PSD desiste de qualquer ruptura consigo próprio. Boas notícias.
É claro que a ruptura surgiu no espírito de Rangel para se demarcar do "mudar" de Passos Coelho. Também por aí começou bem. A falar sobre projectos para o país? Não, a fazer jogos florais com o adversário interno.

PS. No Albergue Espanhol, contudo, já ficou claro quanto vale a palavra de Paulo Rangel. Amanhã, quem sabe se não dirá que romper é excessivo, basta mudar?

3 comentários:

Alexandre Rosa disse...

É tudo isso Paulo. Mas há uma coisa que me deixou especialmente perturbado. Paulo Rangel diz que "sente uma responsabilidade nacional" para se candidatar. Quem o ouve fica com a ideia de que estamos perante alguém que tem, de si próprio, a ideia de salvador. Indicia, assim, um perfil psicológico um pouco messiânico que, sinceramente, me faz lembrar outros jovens que, na sua época, se entenderam como salvadores e depois deu o que deu. Claro que Portugal é uma democracia consolidada e com defesas suficientes contra esses messianismos. Mas não deixa de ser preocupante que pessoas inteligentes, cultas e com ar de modernidade, como é o caso de Paulo Rangel, denotem estas tentações e se deixem impressionar por sucessos recentes que tiveram, e merecidos, mas que não podem resultar em auto-endeusamentos. O que fica é,sinceramente, para além do que dizes no teu post, a ideia de que estamos perante alguém que não soube gerir esse sucesso e, de repente, se julga mesmo a reserva da nação. E para isso ainda é muito novo.

GMaciel disse...

Nada como a coerência do rapaz, não é?

mariahenriques disse...

paulo rangel.-ou da arte menor de se tentar sobreviver enquanto se pode

http://apombalivre.blogspot.com/2010/02/paulo-rangel-ou-da-arte-menor-de-se.html