Os líderes chineses devem ter dado mais voltas ao mundo nos dois últimos anos que nas duas décadas anteriores. Parece que vêm resgatar, primeiro a África, depois os EUA e agora a Europa, da crise em que mergulharam, ao mesmo tempo que reforçam a sua posição no acesso às matérias-primas e ganham bases logísticas e acesso aos mercados.
Que China é esta? Segundo este interessante artigo da Foreign Policy, é a força pujante do mercantilismo-leninismo. Diz o autor, Richard McGregor, insuspeito de simpatias comunistas e antigo chefe do escritório de Pequim do Financial Times, que é preciso desmontar cinco mitos sobre a China actual: o de que a China é comunista só de nome, o de que o Partido quer controlar todos os aspectos da vida dos cidadãos (afinal, o futuro do comunismo é esquecer o totalitarismo), o de que a internet acabará por se sobrepor ao partido (o partido consegue controlá-a e até fazê-la funcionar a seu favor), o de que a via chinesa é facilmente repetível (só está acessível a um partido organizado e que controla mesmo as instituições e em particular o exército, que é do partido e não do país) e o de que o partido não pode governar para sempre (claro que pode se for forte por dentro, evitar lutas scessórias e der pão e circo às classes médias, coisa que não perceberam Estaline nem Mao, mas percebem os actuais dirigentes chineses).
O que me preocupa nisto tudo é que o mercantilismo-leninismo parece vir a ser um dos vencedores da primeira grande crise do capitalismo do séc. XXI. Ou seja, sem explosão do capitalismo, o risco que corremos é que o mercado volte a dispensar - tal como no séc. XIX - a democracia. E, aí, os comunistas teriam uma nova - embora pequenina - janela de oportunidade fora do grande irmão asiático, para além de que este continuaria a gerir ditatorialmente metade da humanidade. Os social-democratas que não se cuidem...
1 comentário:
Caro Paulo,
Muito interessante. Fiz link para "A Carta a Garcia".Abraço,
OC
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