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Foto: Middle East News Agency (MENA)/Handout/Reuters in Time
Os sorrisos na foto, trocados entre os Bispos da Igreja Cristã Copta e o Presidente eleito, saído da Fraternidade Muçulmana, Mohamed Morsy, podem ser meramente de ocasião. Mas o facto de serem recebidos no Palácio Presidencial ainda antes da investidura do novo Presidente tem significado político. Os sinais de que a Fraternidade Muçulmana pode ter tido a evolução ideológica, a visão estratégica ou pelo menos a flexibilidade táctica para evoluir para uma força que ganha distância do islamismo sectário acumulam-se e são bons sinais. Não é impossível que no Egipto que se prepara haja uma grande direita democrática representada por um partido democrata-islâmico que se coloque no espectro político e nas relações com os valores sociais e as instituições como a democracia-cristã europeia se colocou no pós-II Guerra Mundial.
Essa evolução transformaria a Turquia actual de excepção em modelo seguido pelos países em que o seu modelo de direita democrática, representado pelo AKP, se torne dominante. A Fraternidade Muçulmana parece querer ser o mais recente mas também mais forte aliado, pelo menos para já, desse modelo político.
Mas a chave do sucesso turco da corrente democrática-islâmica assenta muito no sucesso da política económica e aí, para já, o Egipto está numa situação muito diferente da Turquia, agravando as dificuldades de governabilidade do país.