Não vi o debate entre Nuno Encarnação e João Galamba. Não sei se a invocação de Adriano pelo Nuno foi apropriada e nem me custa admitir que possa ter sido contraproducente para o autor. Escrevo motivado pelos posts e do Paulo Pinto e o comentário do Nuno Encarnação no Jugular.
Paulo Pinto parece surpreendido pela idiossincrasia coimbrã que faz com que um deputado nascido e criado na direita do pós-25 de Abril se sinta à vontade com as letras e as músicas da balada coimbrã. Não ficaria tão surpreendido se tivesse presente que a direita coimbrã se apegou às "tradições" académicas, depois do 25 de Abril, aliás, à época contra a esquerda e incorporou no seu revivalismo praticamente todas as canções de Adriano, José e Afonso que obedecem aos cânones da "sua" música, algo que inclui quase todo o Adriano e pelo menos o José Afonso até ao início dos anos setenta.
Dentro dessa idiossincrasia reage Nuno Encarnação com uma - começa a ser recorrente - tentativa de ataque a que a esquerda se aproprie dos hinos que eram da esquerda. Pessoalmente felicito Nuno Encarnação por não se sentir incomodado com a Grândola ou a Trova, mas ele sabe melhor que eu que fora do ccírculo restrito dos jovens do fado de Coimbra não tem muitos companheiros no partido ou na coligação para essa batalha. Aliás, essa batalha só faz sentido para os filhos de Abril (e ainda bem que o tentam), porque a direita que érea adulta à época, mesmo quando hoje nos aparece pela esquerda, nunca consegue esconder bem a reacção cutânea a estas cantorias.
Infelizmente o Paulo Pinto precipitou-se porque o cosmopolitismo às vezes é um pouco provinciano em relação àqueles a quem não atribui pedigree e não reconhece linhagem. Porque haviam de ser os deputados do PSD mais parvenus que, por exemplo, os do PS ou do BE? Infelizmente anda por aqui um vestígio de complexo de superioridade que faz mal a debate democrático.
4 comentários:
"Paulo Pinto parece surpreendido pela idiossincrasia coimbrã que faz com que um deputado nascido e criado na direita do pós-25 de Abril se sinta à vontade com as letras e as músicas da balada coimbrã" diz o Paulo. Onde está isso naquele post? Acho que fez uma leitura ao lado do que o Paulo (Pinto) escreveu, completamente ao lado.
Se não há no texto surpresa por Nuno Encarnação ser de direita e estar à vontade com Adriano, a Ana tem toda a razão. Se há, peço apenas que considere o meu ângulo de análise dessa surpresa.
Eu acho, e tenho a certeza, que não há. Aliás, acho que o que está em causa é mesmo uma questão de interpretação de texto, e o Nuno Encarnação mostrou que havia razão para que a questão fosse colocada.
Ou Nuno Encarnação não sabe do que está a falar (primeira hipótese colocada por Paulo Pinto) ou, conhecendo o poema e o seu significado, está a fazer um elogio a João Galamba e um ataque feroz ao governo (que não é apenas estranho como completamente desfasado de toda a sua linha de argumentação)
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