29.5.08

Carlos Minc, o pitbull e as armadilhas da imagem

O novo Ministro do Ambiente brasileiro é mais um bom conhecedor de Portugal. Passou por cá no PREC enquanto exilado político e fez bons amigos na esquerda a que se convencionou chamar extrema. Conversei com ele uma única vez, há unas anos,no Rio de Janeiro, porque lá tinha ido com um amigo seu dessa época. Da conversa para além das memórias que caracterizam todos os reencontros de amigos, guardo dois episódios. Carlos Minc fazia as suas campanhas eleitorais com dinheiro do seu próprio bolso e da sua família, com recursos extremamente limitados e achava que essa era uma limitação inultrapassável a que ideias como as suas se afirmassem na política nacional. Não lhe passava sequer pela cabeça dar esse salto. Mas, sintomatico mesmo da eficácia e astúcia mediática com que se fazia o combate político no país, foi a história que nos contou do que tinha acabado de acontecer-lhe num programa de TV. Á época Carlos Minc era um activista contra a liberdade com que se passeavam cães perigosos pelo Rio. Um tema fracturante e uma batalha que acabou por ganhar, com a lei que interdita a circulação desses cães na via pública a certas horas e regulamente o uso de mordaças . Nessa altura, foi convidado a ir ao programa de Jô Soares defender as suas posições. Jô, a velha raposa, deu-lhe todo o palco. Deixou-o expor quase sem contraditório todos os seus argumentos sobre a perigosidade desses animais e as suas características violentas e perigosas. Quando a entrevista estava a terminar, subitamente, um pitbull bébé entra em estúdio, salta para o colo do político e tem a performance enternecedora dos cachorros. Sem uma palavra, Jô arrasara toda a argumentação. Comparado com este profissionalismo, os grandes planos de Ferreira Leite são apenas tentativas desastradas de aprendizes de feiticeiro. Mesmo assim., Minc ganhou essa batalha e a sua lei passou. Agora vamos ver como se dá em Brasília. Andamos um pouco distraídos sobre a política brasileira, mas com a administração de Fernando Henrique Cardoso abriu-se um ciclo político no Brasil que conduziu à possibilidade de alguém como Lula poder ser Presidente e em que a defesa de políticas justas, corajosas e radicais se mistura com a gestão realista dos problemas com a qual quase toda a esquerda portuguesa - já que o PCP parece um caso perdido - podia bem aprender algo. Foto: Amisrael

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde!
Antes demais parabéns pelo site!
Convido-o agora a ver a agenda semanal d'A Mesa Redonda:

Segunda-Feira: Análise exaustiva à época do Benfica, bem como análise individual a cada um dos jogadores, bem como a sua permanência.

Terça-Feira: Análise à nova equipa técnica do Benfica e pequena visão sobre a nova época.

Quarta-Feira: Análise e comentário à decisão da Uefa sobre a participação ou não do FC Porto na Liga dos Campeões.

Quinta-Feira: Apresentação da cobertura do Euro 2008 pel'A Mesa Redonda.

Sexta-Feira: Fecho da sondagem sobre o onze inicial de Portugal, minha análise e comentários à mesma.

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