Talvez o primeiro sinal de alarme tenha tocado com os conflitos laborais na Dacia e na Mittal, como a Reuters (via Romania News Watch) agora recorda. Tratou-se de conflitos pesados, que se saldaram por acordos salariais dificilmente imagináveis se não estivéssemos numa economia sobreaquecida e em risco de espiral inflacionista. Esta semana, os jornais locais deram destaque à análise do FMI da situação da economia romena. O sentido é claro: a dependência da economia romena dos fluxos de capital estrangeiro tornou-se uma vulnerabilidade na conjuntura, a política fiscal é pró-cíclica, há dois estrangulamentos que exigem respostas de médio prazo, na construção de infraestruturas e na qualificação da força de trabalho e o crescimento económico começará a ressentir-se da pressão conjuntural começando a desacelerar já em 2008 e desacelerando ainda mais em 2009. A análise do FMI reflecte a crueza dos indicadores, que já em Março as estimativas não oficiais do banco Unicredit Tiriac antecipavam.
O cocktail de políticas do FMI é bem menos imaginativo – centra-se nos riscos da política fiscal apesar de ter identificado como constrangimentos estruturais os das infraestruturas e das qualificações. O sentido das recomendações é racional, dado que a contenção do défice é necessária e a Roménia vai entrar num ciclo eleitoral prolongado, a partir das eleições locais cuja campanha eleitoral já começou.
Errado, mesmo, é o emblema que o FMI escolheu para a sua causa. A medida a que se opõe mais energicamente é a redução do IVA sobre bens alimentares de primeira necessidade, cuja incidência o Senado votou baixar de 19 para 5% (a Roménia não tem, actualmente, taxa reduzida de IVA), com um custo fiscal que o FMI estimou, seguramente não por defeito, em 0,5% do PIB Mas não se podia esperar nada de muito diferente, embora choque a sensibilidade de quem pensa que seria melhor propor medidas que contrabalançassem essa perda de receita.
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