15.8.09
Ferro Rodrigues pôs o dedo na ferida
Partilho inteiramente da visão que Ferro Rodrigues hoje desenvolveu na entrevista ao Expresso sobre o que o PS deve fazer a seguir às próximas eleições legislativas no cso, provável, de ganhar sem maioria absoluta.
Em Portugal há um sistema eleitoral desenhado para favorecer coligações e um pensamento à esquerda que vai contra a lógica do sistema que a Constituição desenhou.
Sei perfeitamente o que divide a esquerda (ainda hoje no Diário Económico escrevi um pequeno depoimento sobre isso). Mas também sei que o PS não pode deixar o PCP e o BE fugirem às responsabilidades perante o país que o seu peso eleitoral lhes confere. Assim como acho incompreensível que o PCP e o BE não sejam capazes de distinguir nos seus programas os pontos essenciais dos negociáveis. Evidentemente, tal cenário também desafiaria o PS a distinguir o essencial do acessório nas suas posições.
Sei ainda melhor que o mundo não está de molde a que Portugal possa ter um governo mendigo na Assembleia da República, nas mãos de coligações negativas e irresponsáveis. Pelo que nem a coligação com o PSD se pode considerar um cenário impossível.
Antes de mais, os políticos têm que saber estar à altura das responsabilidades que os eleitores lhes vão conferir. A reacção instantânea de Jerónimo de Sousa não surpreende, mas demonstra o enorme erro de perspectiva do PCP. Será Louçã menos pavloviano?
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1 comentário:
Não podia estar mais de acordo contigo. O sistema político foi concebido para favorecer coligações para que elas sejam mais um freio e equilíbrio entre instituições. E claramente o nosso sistema é coxo por não conseguir arranjar maiorias à esquerda. No meu ponto de vista, seria muito bom que os partidos à esquerda do PS fossem capazes de fazer "agenda" política nas instituições e isso incluiria ser governo. Não basta a rua, o movimento social ou no caso do BE, a televisão. Mas o PS também é o problema, não se pode juntar num saco, estalinistas e "liberais". É preciso criar um espaço cruzado dentro da esquerda, a pouco e pouco, criar círculos de debate, criar movimentos regionais de intersecção. O poder local poderia ser o primeiro palco do cruzamento, porque não em Almada, ou em Aveiro! Um abraço
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