1.7.11

Agora sim, Passos Coelho tem uma boa razão para pedir desculpa ao país.

Sim, há precedentes. Durão Barroso e depois José Sócrates tomaram nos primeiros dias de Governo medidas que contrariavam os seus discursos de pré-campanha. Não faltará quem o repita.
Mas há uma diferença de fundo. Tivessem Barroso e Sócrates razão ou não, ambos invocaram um motivo atendível. Ambos se basearam em informações do Banco de Portugal que diziam que a situação das finanças públicas era diferente da que tinha sido divulgada pelos seus antecessores.
Pedro Passos Coelho com as medidas que anuncia mal chega ao governo passa da conduta duvidosa que atribuoao seus antecessores (com o amparo de Vitor Constâncio) para a total falta de pudor. Não há "surpresa" invocável. As contas foram auditadas, corrigidas pelo Eurostat, tidas em consideração pelos peritos da famosa "troika". Não há nada de novo na situação económica e financeira do país entre a pré-campanha, a campanha eleitoral e hoje. O mundo não mudou, o país não mudou, apenas Passos Coelho mudou de lugar. E eu, que não gosto de usos excessivos da linguagem na política sou forçado a dizer que ou Passos Coelho tomou os eleitores por parvos, ou mentiu deliberadamente, ou disse disparates ou já não é ele que governa o país, mas alguém com quem ainda não tinha falado a 1 de Abril de 2011.
A reportagem do vídeo abaixo não deixa margem para dúvidas. Passos Coelho disse então que aquilo que agora  fez era um disparate.
Para a reflexão necessária sobre a verdade e a política fica que Sócrates imputou a Passos Coelho a intenção de cortar o 13º mês, este respondeu que isso era "um disparate" e agora o cortou.
Para a reflexão necessária no PS sobre a sua relação com o governo fica que esta como outras medidas nada tem que ver com compromissos nacionais assumidos com a troika.
Agora sim, Passos Coelho tem uma boa razão para pedir desculpa ao país. E o país tem razões para pensar que quem mentia não era Sócrates.

4 comentários:

Anónimo disse...

E ninguém na Bancada do PS teve coragem de lhe chamar aldrabão. Tristes dias os que vivemos.

flash disse...

Salvo as devidas proporções e o contexto específico, algumas destas considerações, devidamente adaptadas, aplicam-se a si - Paulo Pedroso - na condição de vereador eleito para a CMA.

Fernando Miguel

José Luis Moreira dos Santos disse...

Triste vida a nossa, triste povo, mau destino. Escolheram os portugueses estes vendedores de pátrias, por pensarem que os que lá estavam eram piores! Mas pior, é que pelo que disseram durante o debate do programa do governo, que se propôe sacar dali para levar para lá, os que lá estavam ainda lá estão. Em que ficamos?

José Nunes disse...

Essa de "Quem governa?"dá que pensar.