5.10.12

O paradoxo de 5 de Outubro de 2012

Bandeira ao contrário


As comemorações do 5 de Outubro vinham definhando em democracia, apesar das tentativas várias para as dignificar. Provavelmente, essa foi uma das razões pelas quais este Governo quando ainda não temia o nosso "povo maravilhoso", achou que este era um feriado menor e poderia ser abatido. Mas, depois da intentona da TSU, o país mudou.
A comemoração deste 5 de Outubro foi mandada fazer  por quem tinha medo que as coisas corressem mal. Passos Coelho, prudentemente, encontrava-se fora, a cerimónia decorreria à porta fechada, os portões de Belém não se abririam.
Planear assim as comemorações no último feriado de 5 de Outubro, sabendo que é o primeiro depois da agitação social contra o Governo se ter tornado inorgânica e transvasado os eventuais canais de protesto, foi um erro. A "contenção de custos" não pegou, o rumor de que quem mandou fechar a porta foi o Presidente da república correu, os protestos chegaram à sala, ditos e cantados... e até a bandeira decidiu protestar. Provavelmente foi obra do acaso, mas politicamente até o acaso pode ser decisivo.
O Governo que ia matar o 5 de Outubro com o beneplácito do Presidente da República pode ter-lhe dado um inesperado sopro de vida, pelo menos enquanto andar por aí. Além do mais, pode bem ter nascido um ícone de protesto social.
Eu, pelo menos, sempre que vir uma bandeira de Portugal ao contrário, lembrar-me-ei do dia em que o PR e o Governo não queriam comemorar a implantação da República - e não será com simpatia.

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