A esta hora o PS está a definir que tipo de oposição vai ser nos próximos anos. Do que se viu no debate público até agora, os eixos do debate vão reflectir melhor as diferentes formas de ver o papel do PS no país do que as linhas de divisão do último Congresso.
Para mim tudo se resume a uma pergunta: este é um orçamento necessário ao país ou um ataque liberal a pretexto das dificuldades que atravessamos? Parece evidente que é o segundo caso e isso impede o PS de equacionar apoiá-lo. Assim sendo, o que está em causa é onde deve estar o PS, não é o IVA dos restaurantes.
Deve o PS estar nos debates que aí vêm nos próximos anos à frente da oposição, como seu maior partido e maior partido da esquerda portuguesa? Ou, pelo contrário, caucionar pelo silêncio ou a discrição o dito ataque liberal? O instinto centrista do PS leva-o pelo segundo caminho e a abstenção no OE 2012. A intuição de liderança da esquerda leva-o pelo primeiro e impõe já o voto contra. Este é que e o verdadeiro momento de definição do que será o novo ciclo político do PS.
Nesta discussão, já sabemos o que pensam Seguro e Assis: são, sem surpresa, os irmãos gémeos que são há décadas na escola do instinto centrista do PS. Enganou-se quem tenha pensado diferente, sobre um ou outro. Resta saber que espírito prevalece entre os dirigentes do partido e se eles têm plena consciência de que estão a definir hoje o que será o PS por todo o ciclo da sua actual liderança, dure ela um ano ou uma década.
3 comentários:
Como socialista que sou,estou contra este Orçamento de Estado,pois acho bastante violentas as medidas encontradas para justificar erros do passado e ainda para mais ninguém é responsabilizado,o que é bastante grave e desonesto,quanto ao PS,devia existir uma união mais directa,ou seja,que se percebesse qual a orientação do partido,mas com as divisões evidentes,torna-se difícil acreditar numa oposição firme,consistente,responsável e acima de tudo necessária...
Leio este blogue há bastante tempo, mas acho que é a primeira vez que comento. Apenas para dizer que, quando o leio, (re)nasce uma pequena esperança de que talvez, um dia, o PS possa voltar a ser um partido de esquerda. Lamentavelmente, no entanto, não será de esperar que tal aconteça num futuro próximo...
O que me parece evidente é que é por causa das tretas ideológicas que estiveram em moda, ocultando a realidade, dando vida regalada a uns tantos que nunca necessitaram de sentir o que é viver pela criação, produção, do trabalho próprio que estamos nisto até aos queixos.
Portanto acho perfeitamente lógico os belos discursos e posições de aperfeiçoamento da alma social humana à custa dos outros.
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