4.5.13
Em matéria de pensões, o Governo tem a ideologia aos comandos
Dizer que a Adminsitracao Pública Central teve em 2012 um défice de 7,1% do PIB e a Segurança Social um excedente de 0,2% (ver p. 21 do Doc de Estratégia Orçamental) é evidência suficiente de que a focalização do Governo nas pensões é ideológica? E se acrescentarmos que a projecção de longo prazo da União Europeia é de que o peso das pensões no PIB em 2060 será apenas 0,2% superior ao que era em 2010 (p. 38 do DEO)?
O Governo, preguiçoso para reformar o Estado ou melhorar a cobrança de impostos não hesita em prejudicar a confiança na segurança social cortando de facto pensões, criando a ideia que aí residem os desequilíbrios da despesa pública e ameaçando pessoas cujas vidas não podem voltar para trás com o espectro de um empobrecimento inesperado e injusto. Só há duas formas de olhar para o seu comportamento. Ou está tão obcecado pelo curto prazo que é incapaz de avaliar os efeitos destrutivos de longo prazo da sua acção. Ou é capaz de os avaliar e quer aproveitar esta conjuntura para alimentar uma deriva liberal do nosso modelo social,usando a crise para disfarçar o lobo de Capuchinho Vermelho.
Se houvesse Ministro da Solidariedade Social, o que se anunciou hoje não era possível. E se houvesse partido democrata-cristão no Governo também não. nem sequer era preciso que houvesse por lá pessoas com coração que batesse à esquerda.
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