23.5.13

Um verão político frio no Irão

A semidemocracia iraniana sob controle do clero xiita é um regime em que coexistem fortes mecanismos de cooptação e elementos de pluralismo político.
Os elementos de pluralismo têm sido usados pelos eleitores para dar sinais ao clero: escolheram uma vez o reformista Khatami, mobilizaram-se contra a reeleição de Ahmadinejad.
Agora, o Supremo Líder cortou o mal pela raíz. Nas próximas eleições iranianas não há riscos. O candidato reformista Akbar Hashemi Rafsanjani, embora seja um ex-Presidente da República e o candidato populista Esfandiar Rahim Mashaei , embora seja um ex-Vice-Presidente, foram eliminados das listas de candidatos.
Diz-se que a liderança actual da revolução iraniana teme acima de tudo uma perestroika que devastasse o regime e fará tudo para o evitar.
O próximo passo consiste em tentar reduzir o eleitorado iraniano à apatia, dando aos candidatos aprovados para as eleições de 14 de Junho o mesmo pluralismo que têm as candidaturas a deputados em Cuba. Veremos com que sucesso. Mas, contrariamente à percepção generalizada, há no Irão mais sementes de cultura democrática do que parece. Se está longe um verão quente persa, a tentativa de congelar as eleições presidenciais é tão ostensiva que este Verão demonstra que o regime dos Ayatollahs sente que atingiu o Outono.

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