Leio via Estrela Serrano que Lobo Xavier declarou a incompatibilidade entre comentador político e conselheiro de Estado. E concordo com ela que devia ser óbvio para os próprios conselheiros visados pela crítica e para o Presidente que houve à volta desta reunião comportamentos que num país a sério teriam consequências.Mas penso que devemos também analisar a transformação do papel do Conselho de Estado que Cavaco Silva está a operar.
Recorde-se que o Presidente da República usou o Conselho de Estado para forçar o governo a recuar na TSU, transformando-o então numa espécie de câmara alta do diálogo social e que convocou esta reunião expressamente para falar sobre matérias no âmbito da acção governativa e da formação de maiorias parlamentares.
Para a estratégia política de Cavaco, a mediatização do Conselho de Estado nem é má. O Presidente não tomou nenhuma decisão mas sabemos que pondera cenários de queda deste governo e que quer condicionar a estratégia económica do próximo.
Sendo o Conselho de Estado convocado pelo PR para tratar de assuntos correntes do debate político e não de supremos e complexos problemas do Estado porque não havia, afinal, de ser público?
Bem sabemos que não é para isto que o Conselho de Estado existe, mas é o que dele está a ser feito.
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