30.9.14
Um dia, o banco corrido saiu do seu canto
20.9.14
Salário mínimo, hipocrisias máximas - editorial do Luís Costa
(Em memória do meu amigo António Dornelas, estudioso atento das retribuições mínimas)O que se está a passar com o aumento do salário mínimo nacional é uma cena de fancaria indigna e imprópria, que merece denúncia e repúdio. Estão em causa os agora e depois parcos rendimentos de centenas de milhar de pessoas situadas no fim da escala do salariato, um escalão acima do trabalho negro e dos falsos recibos verdes.Em primeira linha está em causa a superação da barreira mítica dos 500€/mês, prevista para 2011, nos termos do acordo alcançado na concertação social em 5 de Dezembro de 2006, mas que nunca viria a ser realmente assinado pelos representantes dos parceiros sociais, como se pode verificar na versão disponível na página do CES/CPCS, que não tem estampadas as assinaturas dos subscritores do ACORDO SOBRE A FIXAÇÃO E EVOLUÇÃO DA RMMG (Remuneração Mínima Mensal Garantida). Ao contrário de outros acordos não houve vinho do Porto, champanhe, nem sequer água das pedras para suavizar potenciais azias.Três números mágicos sustentavam este acordo: 1. A RMMG seria fixada em 403 euros em 2007; 2. Deverá atingir 450 euros em 2009 e 3. assumindo-se como objectivo de médio prazo o valor de 500 euros em 2011.Acompanhei o processo por fora, mas conheço relativamente bem a história por dentro. Um belo dia, o meu camarada e amigo, Manuel Carvalho da Silva, entregou-me um papelinho, daqueles com que vai tomando notas para suportar posições públicas, com aqueles três números mágicos: transmite aos teus amigos socialistas que nós [CGTP] subscrevemos o Acordo sobre o salário mínimo se forem estes os valores, disse-me. Levei a carta a Garcia e eis que naquele dia 5 de Dezembro de 2006, estando presentes o Primeiro Ministro, José Sócrates, e os Presidentes ou Secretários Gerais das seis confederações patronais e sindicais, conforme reza a acta da referida reunião, todos "subscreveram" o referido Acordo.Enquanto o PM, pré-versão animal feroz, considerava o Acordo histórico e inédito e o SG da CGTP o definia como um indicador ao país, Francisco Lopes, então em fase ascendente e depois candidato do Partido nas últimas presidenciais, considerava que o valor para 2007 era insuficiente, mas, vá lá, um sinal muito forte do crescimento do SMN.Os dois primeiros patamares foram atingidos em devido tempo, com maior ou menor grau de consenso, mas em 2010, na emergência dos quinhentos e com a crise a bater à porta, a situação complicou-se. O Decreto-lei nº 143/2010, publicado no último dia do ano, fixava a RMMG em 485 euros para 2011, mantendo acesa a chama de posteriormente, ao longo do ano, com duas fases de avaliação pelo meio, atingir a conta redonda. Até hoje!Nos mais de nove meses já vencidos de 2014 o assunto é presença permanente, mas o parto revela-se difícil. Na maioria que assume a governação emergem os bonzinhos e os mauzões lavando as mãos à espera que os parceiros sociais se entendam e a coisa lá se vai arrastando. Quanto ao maior partido da oposição as posições, naturalmente, opõem-se. Seguro assobia para o lado ou, numa versão benévola, recupera a velha tradição trabalhista do partido correia de transmissão sindical, neste caso das posições da UGT. Mas, sobre o tema, não anda melhor, o candidato a candidato que espero seja capaz de fidelizar o meu voto nas próximas legislativas. Evasivo noutra temáticas relevantes, é, nesta matéria, muito preciso, em estilo quadratura do círculo: montante próximo da CGTP, produção de efeitos próximo da dominante patronal (Janeiro de 2015).Lá fora, nas cidades e nos campos, 400 000 trabalhadores esperam um sinal de reforço do magro rendimento que continuará sempre a ser escasso seja qual for o valor a estabelecer. É preciso dinamitar a barreira dos 500, esse muro construído com cimentos provenientes de várias gentes e lugares, em nome de princípios maximalistas ou minimalistas convergentemente contribuintes para o arrastamento da situação.O mais razoável bom senso recomenda que no próximo dia 1 de Outubro deveria haver um novo salário mínimo que traga um pouco mais de calor (sempre ténue) ao inverno do descontentamento dos homens e das mulheres que auferem a pomposamente designada remuneração mínima mensal garantida.Recuperando uma expressão popularizada com a construção da barragem do Alqueva: Decidam-se, porra!Continuar a encanar a perna à rã, apenas confirma a sina do (nosso) fado: tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado...
17.9.14
Confissão
Continuaria a ser irmão de João Pedroso mesmo que um teste de ADN demonstrasse que tal era biologicamente impossível.
Continuaria a ter orgulho em ter sido orientado em doutoramento pelo meu antigo professor Rui Pena Pires mesmo que ele destruísse o meu trabalho e renegasse as conclusões a que tivesse chegado e continuaria a escrever no Canhoto se ele, o seu fundador, não tivesse decidido parar de o fazer.
Nunca pedi a ninguém para favorecer ninguém. Tenho a certeza que Maria de Lurdes Rodrigues nunca favoreceria ninguém a pedido de ninguém. Tenho a certeza que João Pedroso nunca aceitaria ser favorecido por ninguém. Tenho a certeza que Rui Pena Pires nunca misturaria vida privada e responsabilidades públicas.
Cada um tem a experiência de vida que tem. A minha é esta.
16.9.14
Desabafo sobre a actualidade nacional: o nosso novo populismo
O novo populismo é muito mais difuso, vive em todo os que têm que assumir um papel institucional e se afastam da regra abstrata, da incorporação da responsabilidade própria do seu estatuto na definição da sua conduta, na fundamentação dos seus princípios, na formulação das suas decisões, para obedecerem ao que imaginam ser a vontade da "pessoa comum", que habita no consumidor dos mass media e nos resultados das sondagens.
O novo populista não procura seguidores, ambiciona seguir as maiorias silenciosas.
O novo populista não precisa de conhecer a complexidade da vida social, de ponderar os equilíbrios institucionais, de teorizar sobre a democracia ou a separação de poderes, de problematizar a sua ignorância ou perseverar na busca do conhecimento, basta-lhe a convicção de estar a seguir o juízo que o cidadão comum fará em 30 segundos de televisão ou 200 caracteres de jornal. E assim reforça esse julgamento popular ignorante e permanente.
O novo populista não argumenta, não se perde em raciocínios complexos ou ponderações elaboradas. Sabe que a pessoa comum quer sempre decisões simples e, em tempo de crise, sangue e quer ser vencedor não vítima desse mecanismo.
Infelizmente não são apenas António José Seguro, Passos Coelho e Paulo Portas que tentam protagonizar em Portugal o novo populismo. Nem sequer são só os políticos de velhos e novos partidos. Ele sente-se em Portugal no conjunto das instituições, nas políticas como naquelas que têm legitimidade democrática que não resulta da eleição. E como o populismo corrói a democracia, mais tarde ou mais cedo vamos acabar por perceber para onde estamos a deixar ir o país.
Como sou otimista, quero acreditar que a minha geração, a dos filhos da madrugada libertadora, que vejo profundamente corroída pelo obscurantismo do novo populismo, aliás por oposição a grande parte dos protagonistas da geração anterior, dará a médio prazo lugar a uma geração mais democrática, mais cosmopolita, que lhe seja mais imune. É o meu otimismo antropológico de esquerda a comandar os meus sentimentos.
7.9.14
Fechei a porta à política
4.9.14
A semiologia, o mosquito e a mini-saia do populista
26.8.14
Os vivos e os mortos
8.7.14
Agora fabricamos alfaces - sobre restruturação empresarial à japonesa
Mas esta notícia do Wall Street Journal dá conta da especificidade dos grupos empresariais japoneses. Várias empresas reconverteram as suas unidades electrónicas para o agro-alimentar e utilizaram os conhecimentos tecnológicos, por exemplo, na produção de alfaces, em vez de lançarem os seus trabalhadores no desemprego. Pode ser uma mudança inesperada, mas faz parte de um comportamento-padrão no Japão, que não entre nós.
2.7.14
Novo ciclo ou fim de ciclo na composição do Parlamento europeu?
1.7.14
Contudo, move-se... o RSI aos 18 anos
Hoje, olhando para o percurso feito pelas políticas sociais, pode ver-se que a ideia frutificou em outras que dela receberam a metodologia de gestão participada de políticas (como a rede social) ou o conceito de focalização nas situações de pobreza severa (como o Complemento Solidário para Idosos). Definitivamente, o surgimento do RMG não foi um acto isolado, mas uma peça basilar na chamada "nova geração de políticas sociais", dos governos socialistas de Guterres e Sócrates.
É certo que, aos 18 anos, o hoje chamado RSI, continua longe de cumprir alguns dos seus objectivos fundadores, nomeadamente continua por cumprir o projecto de fazer dele uma medida una e dupla, isto é, uma prestação pecuniária associada geralmente a um programa de inserção. O Estado continua a não ser capaz de se activar para promover em quantidade e qualidade as medidas de inserção a que se comprometeu no texto e nno espírito da legislação que regula a medida. Mais, o Estado tem vindo a transformar-se de parceiro para a inserção dos desfavorecidos em mero polícia dos "incumpridores" e "castigador" dos fraudulentos, na sua maior parte imaginários, como no caso dos depositantes milionários.
Hoje, com o alargar da crise, o Estado divulga dados que dão o número de beneficiários do RSI como estando em queda. Com o que sabemos da situação social do país, este é um indicador seguro da asfixia administrativa a que a medida está submetida. Nesta medida, como noutras, o país orgulha-se de diminuir a cobertura das políticas sociais quando os problemas se agudizam. E todos assistimos ao lento agonizar das medidas de política social activa, na luta contra a pobreza como no desemprego.
Hoje o Estado Social Activo é um projecto que apenas se mantém vivo pelo profissionalismo de quem no terreno continua a fazer politica social, sem apoio nem sequer compreensão das hierarquias e das direcções políticas, que voltaram ao velho assistencialismo e ao lado disciplinador dos pobres do liberalismo mais destituido de sentido de solidariedade.
Aos 18 anos, o RSI está doente. Contudo, ao contrário do que muitos vaticinavam em 1996, não desapareceu nem provocou nenhum cataclismo de despesa pública. Contudo, move-se...
19.6.14
Por memória: o que se espera da Presidente do PS
7.6.14
Desde as europeias, o PS
31.5.14
Não se "meio-refresca" uma legitimidade
Se a crise narcísica do líder ameaçado não for contrariada plea força do PS como instituição; se ninguém convencer Seguro de que se colocou num beco sem saída ao não deixar por em causa que é lider enquanto se pōe em causa que sirva para governar o país, preparem-se para a primeira grande recomposição do sistema partidário desde o pacto MFA-partidos.
Todos sabemos que é impossível Costa ser candidato a Primeiro-Ministro e Seguro lider do PS ao mesmo tempo. Com ou contra o líder actual do PS, as duas questões resumem-se hoje à mesma e Seguro, assim, ou ganha ou sai desnecessariamente, humilhado.
28.5.14
Amigos do PS, será alguma vez oportuno defrontar Seguro?
26.5.14
Os portugueses quiseram abanar o sistema político. Vamos a ver se isso foi entendido.
1. Os partidos ditos do arco da governabilidade (PS, PSD e CDS) tiveram em conjunto um péssimo resultado, que obriga a reequacionar as condições de governabilidade do país e abre a porta à fragmentação do sistema político. Se a lógica de resultados de domingo se transferisse para legislativas, PS, PSD e CDS, por exemplo, não teriam poder para fazer uma revisão constitucional sem um outro aliado, que poderia ter que ser Marinho Pinto, fazendo desse aliado o novo guardião da adaptação do regime a novos circunstancialismos.
2. A crise do sistema político que se veio juntar à crise económica e social e que varreu a Europa não provocou nenhum sismo em Portugal, mas gerou ventos fortes, criando duas novas forças políticas, ainda que ambas atravessadas por sérios problemas por resolver. Como irá Marinho Pinto gerir a sua entrada na política pela via da mais desprestigiada das instituições parlamentares e da mais conotada com a inutilidade dos políticos contra a qual fez discurso? Como irá o MPT gerir a sua transformação de partido ecologista em barriga de aluger de um Marinho Pinto tão nutrido de votos? Como irá o Livre digerir a sua derrota, ainda que dando-lhe a possibilidade de aspirar a eleger deputados nas eleições legislativas? Caminhará para o desaparecimento e reabsorção (como aconteceu recentemente com o MEP) ou encontrará um discurso que lhe permita solidificar-se e crescer?
3. O PSD e o CDS parecem estar a caminho de uma derrota anunciada que os apeará pelo menos da liderança do país. Mas é patético que o PS pense que pode, a partir desta base e neste contexto, fazer uma campanha assente na reivindicação de uma maioria absoluta para a qual os portugueses definitivamente o não quiseram lançar. Que plataforma oferecerá agora o PS aos portugueses? O discurso moderado que todos percebem que antecipa o Bloco Central? A tentativa de um governo solitário e fraco? A ultrapassagem do Rubicão que implicaria uma parceria táctica com o PCP? A reabsorção amigável ou hostil de Marinho Pinto? (O Livre, para já, não tem força para ser variável significativa nesta questão).
4. Na minha leitura, os portugueses rejeitaram no domingo não apenas o PSD e o CDS mas também o governo de bloco central que seafigura ainda o cenário mais provável (que não o que eu desejo) para manter o país governável. Pode agora defender-se "outro" bloco central, mais alargado, como aquele movimento que uniu Bagão Félix, Ferreira Leite e João Cravinho no manifesto pela restruturação da dívida. Ou pode ignorar-se que o PS perdeu no domingo o referendo ao seu rumo táctico na gestão da crise e seguir em frente.
5. Se o PS mantiver o rumo, parece-me que nasceu no domingo para Marinho Pinto e o Livre a oportunidade para se afirmarem que o PCP e o BE desperdiçaram na gestão da crise, atirando o país para os braços de Passos Coelho. Basta-lhes afirmar-se europeístas, mas contra a terapia da troika e o Pacto Orçamental e posicionarem-se para querer ajudar um governo liderado pelo PS, mas contra o bloco central e os vícios aparelhistas do partido que o conduziram a este imbatível poder interno sem força exterior. Ou não foi isto que os portugueses disseram no domingo aos actores fundamentais do seu sistema político?
23.5.14
A Rua Sésamo e as políticas publicas
22.5.14
Se os resultados de Domingo acertarem nas sondagens
20.5.14
Entre 2008 e 2013 a factura da austeridade em Portugal foi passada de modo desproporcional aos mais pobres
O estudo que apurou estes dados cobriu 15 países da UE (Alemanha, Estónia, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Itália, Letónia, Lituânia, Portugal, Roménia e reino Unido).
A redução induzida pelo binómio impostos-transferências sociais em Portugal foi a terceira maior dos países abrangidos, a seguir à Irlanda e à Grécia, que tiveram reduções de 16% e 14%.
A repartição dos sacrifícios em Portugal (e Espanha), ao contrário da generalidade dos países, incidiu mais pesadamente sobre os 10% mais pobres do que sobre os grupos de rendimentos mais elevados. Isto é, se as perdas de rendimento são progressivas a partir do terceiro decil - quem mais tem, perde parte maior do rendimento disponível - não é assim para o 1º decil - os 10% mais pobres do país - que perderam uma percentagem maior do seu rendimento disponível que os outros grupos de rendimento.
Portugal teve perante a crise uma combinação de política fiscal e social que reduziu o rendimento disponível das famílias mais intensamente que em boa parte dos outros países optou por penalizar os mais pobres mais severamente que as classes médias e mesmo os grupos de rendimentos elevados.
É verdade que não estamos sozinhos. O gráfico abaixo demonstra uma tendência para penalizar os 10% mais pobres que atravessa a Europa.
O Estado passou a factura da austeridade aos mais pobres de modo desproporcional aos seus rendimentos. No nosso caso, o país, que já era muito desigual, vai voltar a precisar de olhar para os 10% que os governos castigaram a pretexto da crise económica internacional.
Os dados citados e o gráfico reproduzido provêm do seguinte estudo, publicado no início de Maio de 2014:
Agostini, Paola De, Alari Paulus, Holly Sutherland, and Iva Tasseva. 2014. The Effect of Tax-Benefit Changes on the Income Distribution in EU Countries since the Beginning of the Economic Crisis. Retrieved (https://www.iser.essex.ac.uk/publications/working-papers/euromod/em9-14.pdf).
14.5.14
O que falhou, Engº Moedas? A confiança na maioria que o elegeu.
13.5.14
A minha narrativa sobre a crise
Em síntese, a minha narrativa é esta (em inglês, como na sinopse do relatório):
Successive Portuguese governments have followed the orientations of the European institutions regarding the response to the emerging challenges, since the international financial crisis. The new conservative government (elected in 2011) took advantage of the situation of »limited sovereignty« and made a radical political shift.
The new policy aims at a fundamental change in socio-economic power relations by deregulation and challenges the institutions of social dialogue created during the past 40 years.
The austerity imposed by the Memorandum of Understanding (2011) launched the country into a deep recession that had devastating impacts on some sectors of the economy. The young and precarious workers were particularly affected, with youth unemployment rising to 37.7% (2012 and 2013). More poverty, more unemployed with less benefits, substantial cuts in old age pensions and the national health service in cost contention: Austerity and recession bring growing social problems while reducing public responses to these problems.
Meanwhile public debt is skyrocketing, despite of recent signs of economic recovery and some success in reducing the current public deficit. The risk is that the therapy will destroy the social equilibrium the country had achieved during the past four decades without curing the disease of the unbearable public debt.
(Pedroso, Paulo
Portugal and the global crisis : the impact of austerity on the economy, the social model and the performance of the state / Paulo Pedroso. - Berlin : Friedrich-Ebert-Stiftung, Internationale Politikanalyse, 2014. - 36 S. = 4,8 MB PDF-File. - (Study / Friedrich-Ebert-Stiftung)
Electronic ed.: Berlin : FES, 2014
ISBN 978-3-86498-840-0.
25.4.14
O mágico que escrevia ao som dos boleros do pequeno gigante
La vida no es la que uno vivió,sino la que uno recuerda y como la recuerda para contarlaGabriel García Márquez, Vivir para contarla (2002)Já quase tudo foi dito. Muitos rancores ficaram (temporariamente) congelados nas gavetas, ao longo destes dias. A quase unanimidade dói. Soa a falso.
Sou suspeito. Li quase tudo o que foi dado à estampa do jovem Gabito ao velhoGabo, de seu nome completo Gabriel José de la Concordia García Márquez, nascido na Colômbia, sabe-se lá se em 1927 ou 1928, sendo apenas um dos dezasseis filhos do telegrafista de Aracataca.Na minha estante, tudo devidamente alinhado e sempre ao alcance da mão, corresponde a quase meio metro, só superado em extensão e quantidade, no panorama hispano/latino-americano, pelo Manuel Vásquez Montalbán. Encostados à direita do Gabo está uma boa dúzia de livros do Mario Vargas Llosa que me dá gozo ler, com muito orgulho, mas, como não sou hipócrita, com algum preconceito.Tenho e li grande parte na edição castelhana. Prefiro. Sem desprimor, por exemplo, para a soberba tradução que o saudoso Fernando Assis Pacheco - companheiro ocasional, com a Edite Esteves e o Afonso Praça, nos cafés da Rodrigues Sampaio onde todos faziamos pela vidinha no primeiro quartel da década de oitenta do século passado - fez para a primeira edição portuguesa daCrónica de uma Morte Anunciada,editada por O Jornal, em Julho de 1983 (o original é de 1981) e me custou a módica quantia de 340 escudos (lembram-se?).Mas o que aqui me traz agora é algo que pensei partilhar no início deste ano da graça de 2014, mas que, vá lá saber-se porquê, acabei por deixar cair na voracidade dos tempos e, ora, em tempos de mortes confirmadas, recupero.No dia 5 de Janeiro deste ano morreu no Brasil, vítima também de problemas respiratórios, o pequeno grande cantor e compositor de charme Nelson Ned. Sofrendo de nanismo atingiu na idade adulta apenas 1,12 metros, mas tinha um vozeirão daqueles. Nessa ocasião foi tornado público que o grande GGM escrevia ao som da voz do cantor romântico, depois brega e nos últimos anos de inspiração e feição evangélica de onde se destacam, entre outros êxitos, Se eu pudesse falar com Deus, Quando eu falo com Jesus e Oração do Aflito. Em 45 anos de edições discográficas, Nelson Ned vendeu 45 milhões de cópias, o equivalente a um milhão por ano.
O bolero é a vida, Gabo disse um dia, confessando que escrevia muitas vezes ao som da música de Nelson Ned. Embora não me lembre de escrever ao som de Nelson Ned (tenho como banda sonora de fundo os discursos esta manhã na AR...), ele também faz parte da minha vida e do meu território afecto-auditivo. Eu tinha 16 ou 17 anos quando surgiram os primeiros êxitos, a começar pelo Tudo Passará (Mas tudo passa, tudo passará/E nada fica, nada ficará/Só se encontra a felicidade/Quando se entrega o coração), passando pelo Se as flores pudessem falar (Hoje eu lhe mando essas flores/Que eu colhi de um jardim/Na esperança de que você se lembre/Um pouquinho de mim), sem esquecer esse magistral bolero Domingo à tarde que saltava das cornetas das aparelhagens sonoras das festas e romarias das nossas aldeias beirãs. Quem seria capaz de resistir à voz arrebatadora do pequeno gigante da canção (título da sua biografia), sublinhando letra a letra verso a verso, de forma límpida e cristalina: O que é que você vai fazer domingo à tarde/Pois eu quero convidar você para sair comigo/Passear por aí numa rua qualquer da cidade/Vou dizer pra você tanta coisa que a ninguém digo....Nós éramos jovens viçosos, borbulhantes, sinais exteriores de penugem, a dar os primeiros passos no faça você mesmo, ainda não conhecíamos o Gabo, mas conhecíamos de cor e salteado os trauteantes boleros que tanto o inspiraram. Não líamos Gabito, mas devorávamos toda a magia da velha colecção Emílio Salgari e outras coisas mais arrojadas, sob a superior recomendação do José Ferreira Monte (poeta nobre da paixão e luta, autor da letra de duas das famosas canções heróicas do Coro do Lopes Graça) na sua tribuna da biblioteca itinerante da Gulbenkian que regularmente passava lá pela terra.Da corneta sonora do aparato televisivo, Cavaco aconselha que é tempo de abandonar as políticas de vistas curtas...depois, toca o hino.Volto a Gabo. Na imprensa deste fim de semana, os últimos textos, as última homenagens. Tal como Nelson Ned, Gabo começa agora a ficar em paz. Tudo passa, tudo passará, mas algo fica... ficará?O quarto ficou submerso numa atmosfera silenciosa, dentro da qual não se ouvia nada a não ser o lento e sereno esvoaçar da morte (...)(GGM, A Revoada).Saravá, Nelson! Hasta siempre, Gabo!LMC
17.4.14
Quero ir para Macondo
Uma experiência na Toyota: os humanos de volta ao trabalho perdido, com os robots como aprendizes
Há um século que o mundo do trabalho é atravessado pelo processo da automação, intensificado nas últimas décadas. A generalização do recurso aos robots em várias fazes dos processos de produção industrial como "mão-de-obra" que executa directamente as tarefas sob supervisão humana marca o estádio corrente de desenvolvimento da grande indústria.
A notícia é a necessidade de reflectir sobre a interacção entre o humano e o robot e sobre como, se os saberes das antigas aristocracias operárias se poerderem, será possível "ensinar" os robots a executar o seu trabalho. O projeto em curso na Toyota de recriação de ateliers de trabalho manual para que os saberes operários (re)floresçam é um sinal de que a interacção entre humano e robot não é apenas um processo de substituição do primeiro pelo segundo mas, de aprendizagem que permita extraír as vantagens das capacidades de um e outro.
A Toyota quer que os humanos que dominam os saberes profissionais das tarefas que os robots executam "na vida real" possam continuar a deter o saber que permita melhorar a performance das máquinas. O raciocínio do tipo"se-não-sei-fazer-como-posso-ensinar?" levou a empresa a recuperar 100 ateliers "humanos", intensivos em trabalho.
Com o que os humanos que sabem o que fazem porque fazem puderam ensinar os robots a fazer, diz-se que numa fábrica japonesa se eliminou 10% do desperdício de material. Ou seja, a história da relação do homem com a máquina em tarefas de produção pode não ter terminado na sua substituição.
Este exemplo fez-me pensar na padaria que Richard Sennett descreve em A Corrosão do Carácter. Também lá a substituição dos saberes artesanais dos padeiros pela manipulação indiferenciada de máquinas levava ao aumento de produto defeituoso, no caso de pães que tinham que ser rejeitados.
Se a ideia da Toyota for seguida, uma nova fase da relação entre trabalho humano e robotizado pode emergir, na qual os humanos fazem trabalho real mas não orientado principalmente para produzir, antes orientado para melhorar a produção dos robots.
16.4.14
Em que ranking estão o Lesotho, a Mongólia e Cabo Verde em melhor posição que Portugal?
Mesmo não sendo fanático de rankings, nem aceitando necessariamente a relevância de todos os indicadores escolhidos e do peso com que contribuam para o índice, não se pode ignorar que, ao contrário do que por vezes parece emergir emc ertos sectores da sociedade, o problema da igualdade de género em Portugal permanece e merece a atenção necessária para perceber porque num país com tantas garantias formais de gualdade de género há tanta desigualdade real.
Reler A Grande Transformação aos 70 anos
Um convite irrecusável na The American Prospect. (Re)ler A Grande Transformação no mês em que celebra os 70 anos e pensar em quão importante seria sermos liderados por gente que a tivesse lido e compreendesse o seu sentido.
15.4.14
É mesmo? Já?
14.4.14
O difícil convívio da educação com a democratização e o trabalho
10.4.14
Joschka Fischer sobre como Putin deve acordar a Europa para os perigos que enfrenta
(...)
Europeans have reason to be worried, and they now have to face the fact that the EU is not just a common market – a mere economic community – but a global player, a cohesive political unit with shared values and common security interests. Europe’s strategic and normative interests have thus re-emerged with a vengeance; in fact, Putin has managed, almost singlehandedly, to invigorate NATO with a new sense of purpose.
(...)
The EU peace project – the original impetus for European integration – may have worked too well; after more than six decades of success, it had come to be considered hopelessly outdated. Putin has provided a reality check. The question of peace in Europe has returned, and it must be answered by a strong and united EU."
Leia na íntegra: http://www.project-syndicate.org/commentary/joschka-fischer-argues-that-the-eu-is-now-in-a-fundamental-strategic-struggle-with-russia#ytdZaq8YJtFDBA9z.99
30.3.14
Há 40 anos revolucionários e sectários, hoje respeitáveis e frios?
PS. Irene Pimentel publicou no Jugular o registo histórico desse concerto de 29 de Março de 1974.
23.3.14
In memoriam Adolfo Suarez
21.3.14
Bauman: " a política não tem poder e o poder não tem controlo político"
19.3.14
A "aceitação" da Crimeia na Rússia deve fazer tocar o despertador daEuropa
16.3.14
15.3.14
Até o beijo no cinema Thomas Edison inventou
14.3.14
O Corpo Expedicionário Português na 1ª Guerra Mundial: uma refeição quente nas trincheiras
THE PORTUGUESE EXPEDITIONARY CORPS ON THE WESTERN FRONT, 1917-1918© IWM (Q 5566)
Pas-de-Calais, 25 de Junho de 1917
Fotografia de John Warwick Brooke
Colecção: Imperial war Museums, via Europeana 1914-1918
13.3.14
7 razões para apoiar o Manifesto dos 70
11.3.14
Um manifesto mais moderado do que parecia
A maioria pode ser um estado de espírito
La majorité, c'est vous. Vous voulez. Vous choisirez, fotografia de René Maltête, 1960
Bem sei que a evocação desta fotografia conduzirá muitos para a leitura imediata da relação entre os eleitorados e a política. E é tão fácil que assim seja, no actual momento do país, em que uma parte de nós se sente entre o abandonado e o agredido por um poder legitimamente criado pela maioria eleitoral que o criou.
Mas a reflexão que gostaria de partilhar transcende essa primeira leitura. Estar na maioria é sempre o gesto mais fácil. Aquele que parece óbvio e é seguramente mais confortável. É fazer parte de uma dinâmica que parece fútil contrariar.
Nos mais diversos ambientes, das microrelações sociais aos macropoderes, a "maria vai com as outras" ajuda-nos a reduzir a nossa liberdade por omissão da solidão, da responsabilidade, do risco, da escolha. De facto, todos escolhemos. E escolhermos a maioria não é mais nem menos que uma escolha. Não é um gesto natural, ao contrário do que pressinto que cada vez mais entre nós, se julga. A maioria pode ser um estado de espírito.
5.3.14
Quando a sátira é a tipificação. De Washington a Lisboa.
4.3.14
Cristalina como água, diz desta lei um amigo
Caiu-me no mail a Lei No 23/2013, enviada pelo LMC. Não resisto. E se caírem sob a alçada da dita, não invoquem desconhecimento, que ele prontificou-se a ajudar os amigos a interpretá-la e tem um coração do tamanho do mundo. Segue reprodução da mensagem original.
Para conhecimento de todos os meus amigos, dou-vos cópia apenas doArtigo 1º da Lei nº 23/2013, de 5 de Março, pois sem esse conhecimentopoderemos todos vir a sofrer num futuro próximo.
Estou pronto a colaborar convosco se alguma dúvida surgir na interpretação desta Lei, apesar da mesma ser cristalina como água.
«A presente lei aprova o regime jurídico do processo de inventário, altera o Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 47 344, de 25 de novembro de 1966, e alterado pelos Decretos -Leis n.os 67/75, de 19 de fevereiro, 201/75, de 15 de abril, 261/75, de 27 de maio, 561/76, de 17 de julho, 605/76, de 24 de julho, 293/77, de 20 de julho, 496/77, de 25 de novembro, 200 -C/80, de 24 de junho, 236/80, de 18 de julho, 328/81, de 4 de dezembro, 262/83, de 16 de junho, 225/84, de 6 de julho, e 190/85, de 24 de junho, pela Lei n.º 46/85, de 20 de setembro, pelos Decretos -Leis n.os 381 -B/85, de 28 de setembro, e 379/86, de 11 de novembro, pela Lei n.º 24/89, de 1 de agosto, pelos Decretos -Leis n.os 321 -B/90, de 15 de outubro, 257/91, de18 de julho, 423/91, de 30 de outubro, 185/93, de 22 de maio, 227/94, de 8 de setembro, 267/94, de 25 de outubro, e 163/95, de 13 de julho, pela Lei n.º 84/95, de31 de agosto, pelos Decretos -Leis n.os 329 -A/95, de 12 de dezembro, 14/96, de 6 de março, 68/96, de 31 de maio, 35/97, de 31 de janeiro, e 120/98, de 8 de maio, pelas Leis n.os 21/98, de 12 de maio, e 47/98, de 10 de agosto, pelo Decreto -Lei n.º 343/98, de 6 de novembro, pelas Leis n.os 59/99, de 30 de junho, e 16/2001, de 22 de junho, pelos Decretos--Leis n.os 272/2001, de 13 de outubro, 273/2001, de 13 de outubro, 323/2001, de 17 de dezembro, e 38/2003, de 8 de março, pela Lei n.º 31/2003, de 22 de agosto, pelos Decretos -Leis n.os 199/2003, de 10 de setembro, e 59/2004, de 19 de março, pela Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, pelo Decreto -Lei n.º 263 -A/2007, de 23 de julho, pela Lei n.º 40/2007, de 24 de agosto, pelos Decretos -Leis n.os 324/2007, de 28 de setembro, e 116/2008, de 4 de julho, pelas Leis n.os 61/2008, de 31 de outubro, e 14/2009, de 1 de abril, pelo Decreto -Lei n.º 100/2009, de 11 de maio, e pelas Leis n.os 29/2009, de 29 de junho, 103/2009, de11 de setembro, 9/2010, de 31 de maio, 23/2010, de 30 de agosto, 24/2012, de 9 de julho, 31/2012 e 32/2012, de 14 de agosto, o Código do Registo Predial, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 224/84, de 6 de julho, e alterado pelos Decretos -Leis n.os 355/85, de 2 de setembro, 60/90, de 14 de fevereiro, 80/92, de 7 de maio, 30/93, de 12 de fevereiro, 255/93, de 15 de julho, 227/94, de 8 de setembro, 267/94, de 25 de outubro, 67/96, de 31 de maio, 375 -A/99, de 20 de setembro, 533/99, de 11 de dezembro, 273/2001, de 13 de outubro, 323/2001, de 17 de dezembro, 38/2003, de8 de março, e 194/2003, de 23 de agosto, pela Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, pelos Decretos -Leis n.os 263 -A/2007, de 23 de julho, 34/2008, de 26 de fevereiro, 116/2008, de 4 de julho, e 122/2009, de 21 de maio, pela Lei n.º 29/2009, de 29 de junho, e pelos Decretos -Leis n.os 185/2009, de 12 de agosto, e 209/2012, de 19 de setembro, o Código do Registo Civil, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 131/95, de 6 de junho, com as alterações introduzidas pelos Decretos--Leis n.os 36/97, de 31 de janeiro, 120/98, de 8 de maio, 375 -A/99, de 20 de setembro, 228/2001, de 20 de agosto, 273/2001, de 13 de outubro, 323/2001, de 17 de dezembro, 113/2002, de 20 de abril, 194/2003, de 23 de agosto, e 53/2004, de 18 de março, pela Lei n.º 29/2007, de 2 de agosto, pelo Decreto -Lei n.º 324/2007, de 28 de setembro, pela Lei n.º 61/2008, de 31 de outubro, pelos Decretos -Leis n.os 247 -B/2008, de 30 de dezembro, e 100/2009, de 11 de maio, pelas Leis n.os 29/2009, de 29 de junho, 103/2009, de 11 de setembro, e 7/2011, de 15 de março, e pelo Decreto -Lei n.º 209/2012, de 19 de setembro, e o Código de Processo Civil, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 44 129, de 28 de dezembro de 1961, e alterado pelo Decreto -Lei n.º 47 690, de 11 de maio de 1967, pela Lei n.º 2140, de 14 de março de 1969, pelo Decreto -Lei n.º 323/70, de 11 de julho, pelas Portarias n.os 642/73, de 27 de setembro, e 439/74, de 10 de julho, pelos Decretos -Leis n.os 261/75, de 27 de maio, 165/76, de 1 de março, 201/76, de 19 de março, 366/76, de 15 de maio, 605/76, de 24 de julho, 738/76, de 16 de outubro, 368/77, de 3 de setembro, e 533/77, de 30 de dezembro, pela Lei n.º 21/78, de 3 de maio, pelos Decretos -Leis n.os 513 -X/79, de 27 de dezembro, 207/80, de 1 de julho, 457/80, de 10 de outubro, 224/82, de 8 de junho, e 400/82, de 23 de setembro, pela Lei n.º 3/83, de 26 de fevereiro, pelos Decretos -Leis n.os 128/83, de 12 de março, 242/85, de 9 de julho, 381 -A/85, de 28 de setembro, e 177/86, de 2 de julho, pela Lei n.º 31/86, de 29 de agosto, pelos Decretos -Leis n.os 92/88, de 17 de março, 321 -B/90, de 15 de outubro, 211/91, de14 de junho, 132/93, de 23 de abril, 227/94, de 8 de setembro, 39/95, de 15 de fevereiro, e 329 -A/95, de 12 de dezembro, pela Lei n.º 6/96, de 29 de fevereiro, pelos Decretos -Leis n.os 180/96, de 25 de setembro, 125/98, de 12 de maio, 269/98, de 1 de setembro, e 315/98, de 20 de outubro, pela Lei n.º 3/99, de 13 de janeiro, pelos Decretos -Leis n.os 375 -A/99, de 20 de setembro, e 183/2000, de 10 de agosto, pela Lei n.º 30 -D/2000, de 20 de dezembro, pelos Decretos -Leis n.os 272/2001, de 13 de outubro, e 323/2001, de 17 de dezembro, pela Lei n.º 13/2002, de 19 de fevereiro, pelos Decretos -Leis n.os 38/2003, de 8 de março, 199/2003, de10 de setembro, 324/2003, de 27 de dezembro, e 53/2004, de 18 de março, pela Lei n.º 6/2006, de 27 de fevereiro, pelo Decreto -Lei n.º 76 -A/2006, de 29 de março, pelas Leis n.os 14/2006, de 26 de abril, e 53 -A/2006, de 29 de dezembro, pelos Decretos -Leis n.os 8/2007, de 17 de janeiro, 303/2007, de 24 de agosto, 34/2008, de 26 de fevereiro, e 116/2008, de 4 de julho, pelas Leis n.os 52/2008, de 28 de agosto, e 61/2008, de 31 de outubro, pelo Decreto -Lei n.º 226/2008, de 20 de novembro, pela Lei n.º 29/2009, de 29 de junho, pelos Decretos -Leis n.os 35/2010, de 15 de abril, e 52/2011, de 13 de abril, e pelas Leis n.os 63/2011, de 14 de dezembro, 31/2012, de 14 de agosto, e 60/2012, de 9 de Novembro».