6.3.09

Nuno Alvares Pereira, a santidade, o laicismo e o parlamento

O CDS apresentou hoje um voto de congratulação pela canonização de D. Nuno Alvares Pereira. A sua intenção é óbvia, apresentar-se aos seus eleitores como Partido da Causa dos Santos e reivindicar para si o estatuto de representante dos católicos na política. Como manobra é frágil, porque há décadas que os católicos definem o seu sentido de voto separando a fé e a política. Mas interpela os parlamentares laicos sobre o sentido e o significado do seu voto. Parece-me evidente que a Assembleia da República não tem nem deve ter opinião sobre a santidade de D. Nuno. Mas se a instituição relevante a nível mundial que dá pelo nome de Igreja Católica Apostólica Romana distingue um dos seus membros, pelos seus critérios, não vejo porque há-de o Parlamento abster-se de se congratular pelo facto. A Assembleia da República não avalia os méritos culturais, desportivos ou religiosos dos cidadãos mas, como representante dos portugueses pode, sem se imiscuir nos critérios pelos quais esses méritos lhe são atribuidos, congratular-se quando um português é distinguido por esses critérios. Por isso entendo que nem o CDS andou bem procurando chamar a si a fé dos portugueses, nem há razão para dúvidas de que o parlamento se afasta dos valores do laicismo por ter aprovado este voto.

1 comentário:

Anónimo disse...

O que é que o leva a crer que partidos como o CDS (ou qualquer outro) haja sempre de acordo com o sentido de voto? E a ideologia os valores defendidos?
Tem ou conhece dados que certifiquem esse aspecto ou baseia-se na sua experiência política?