12.4.10

A união monetária exige uma solidariedade entre os seus membros que os tratados não reconheceram

Os países do Euro aproveitaram o domingo para anunciar a garantia de um empréstimo à Grécia. A retórica é a politicamente correcta, pois não se trata de um subsídio mas de um empréstimo. A face grega também está salva, pois o Eurogrupo anunciou um apoio que a Grécia disse ainda não ter pedido. Mas o efeito prático é simples, os países vão fazer aquilo que proibiram nos tratados que o BCE fizesse, vão salvar a Grécia de uma crise (o famoso "bailout"). Há dias, Paul Krugmann chamou "euromess" à ambição da UE de fazer uma moeda sem lhe dar mecanismos de absorção de choques assimétricos. Este domingo, o Eurogrupo, sem o dizer, deu-lhe razão.
Em que é que este apoio difere de um mecanismo adequado à estabilidade do Euro? Em que devia ser um mecanismo automático em circunstâncias bem definidas. Não o sendo, a zona Euro intervirá casuisticamente onde os especuladores o exigirem. Neste caso, a Grécia ficou a saber que mais de 3/4 da sua necessidade de endividamento em 2010 estão garantidas pelos parceiros do Euro e pelo FMI. Nós todos ficámos a saber que, se outro membro da zona Euro precisar de semelhante apoio acabará por tê-lo, mais tade ou mais cedo. Todo o dinheiro que a Grécia perdeu nas últimas semanas a lutar contra os especuladores está perdido e todo o que os outros países membros que estejam em circunstâncias semelhantes perderem, perdido estará.
Mas a Europa reconheceu este domingo o que já se sabia: a união monetária exige uma solidariedade entre os seus membros que os tratados não reconheceram.

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