10.9.12

Mexem na TSU por causa da sustentabilidade e das exportações? Estão a mangar connosco.

Os que pretendem ocultar que a mexida na TSU é sobretudo uma grande mexida nos equilíbrios sociais numa componente importante da relação salarial podem começar por responder às perguntas que o Alexandre Rosa faz ao - para estes efeitos armado em ingénuo - Ministro Mota Soares:

É verdade que com estas medidas a TSU aumenta dos 34,75% para 36%. Por isso é verdade que ajuda à sustentabilidade da segurança social, se fosse verdade que essa sustentabilidade é só uma questão de receitas. Mas à custa de quem? dos salários, não é verdade? E é verdade que reduz os custos do trabalho. Mas em benefício de quem? das empresas, não é verdade? E que sentido tem baixar os custos do trabalho à Banca e às grandes superfícies? será que é para promover as exportações? Será que nunca ouviu dizer que as politicas de incentivos para surtirem efeito têm que ser selectivas? 

Resta saber como se vai reagir nas empresas à descida do salário dos trabalhadores. Irão os empresários tentar arrecadar o ganho de 5,5% do salário à custa dos trabalhadores? Irá haver movimento significativo para aumentos salariais que contrabalancem os ganhos do empregador? Isso vai aumentar a conflitualidade social e diminuir a produtividade? E quanto vai custar ao país a conflitualidade em dias de trabalho perdidos e greves de "baixos caídos"?
Ou será que se pode dar por garantido que os trabalhadores por conta de outrem portugueses suportam tudo? Seria uma grande prova de que Portugal tem um regime formalmente diferente de uma prática que aceita bem o unilateralismo patronal. Mas, dar a passividade dos portugueses como garantida é esquecer que há fósforos que já deram na ponte 25 de Abril ou nas muitas greves a propósito da lei das 40 horas. E não terão sido provocadas por muito menos do que está em jogo? 

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