1.3.09

2009, o ano de todas as escolhas (base da minha intervenção no Congresso do PS)

Em Portugal têm acontecido coisas que não são normais. Não é normal que a difamação seja recorrente, mal se esperando que uma se dissipe para que outra surja no horizonte. Entre nós, os homicídios de carácter são demasiado fáceis e transformam a vida pública numa interminável telenovela de argumento muito negro. Mas a vida e a dignidade das pessoas não é uma trama novelesca e não nos podemos conformar com a ideia de que assim seja. Por isso aqui saúdo a coragem cívica com que José Sócrates abriu este congresso e queria aqui recordar o lema que orientava a vida do Professor Sousa Franco, que faleceu há 4 anos lutando pelo PS: “quem teme as tempestades, morre rastejando”. E toda a coragem é necessária no tempo de crise que vivemos. Que crise é esta? A que a deriva aventureira do capitalismo especulativo que se iniciou com Reagan, Tatcher e Kohl provocou, mas também a de que os que se lhe sucederam, embora vindos da esquerda, como Clinton, Blair e Schroder, não se distanciou suficientemente. A alternativa a esse capitalismo é hoje o ponto essencial que nos deve orientar. Nessa alternativa, o PS está a assumir um compromisso claro com os portugueses: a) tudo faremos para melhorar a vida das classes médias, esmagadas entre os baixos salários e as despesas que têm que suportar; b) tudo faremos para que o desemprego não suba e para aliviar o sofrimento de quem caia no desemprego; c) tudo faremos para que haja mais justiça fiscal, pedindo mais a quem mais pode dar para poder apoiar mais quem mais precisa Não é justo que entre duas pessoas que ganhem o mesmo rendimento, a que paga mais impostos possa ser a que os ganha do seu trabalho e a que paga menos possa ser a que os ganha fazendo lucros ou mais-valias, mesmo que não recorra aos inaceitáveis truques via off-shore. 2009 é também o ano de escolhas,onde a democracia começa, nas autarquias locais. Neste ano devemos prescindir do direito a estar ausentes. Por mim, disse sim a Almada. Tem-se falado nos adversários do PS. Só temos um tipo de adversário: os valores, nomeadamente os do conservadorismo e do populismo, não partidos em concreto. Não escolhemos como adversários os partidos à nossa esquerda, mas não podemos fechar os olhos ao facto de que eles nos escolheram como inimigo principal. O nosso adversário é a desigualdade não é nenhum partido em concreto. O nosso adversário é o desemprego, não é nenhum partido em concreto. Para vencer esses adversários, temos que estar preparados para o ano eleitoral de 2009. Neste ano, não é o PS que precisa de uma maioria absoluta, é Portugal que precisa do governo forte que, nas actuais circunstâncias, apenas uma maioria absoluta do PS pode dar aos portugueses.

2 comentários:

P. disse...

Dizes tu:
"a) tudo faremos para melhorar a vida das classes médias, esmagadas entre os baixos salários e as despesas que têm que suportar;"
Pergunto eu:
Como?

Dizes tu
"b) tudo faremos para que o desemprego não suba e para aliviar o sofrimento de quem caia no desemprego;"
Pergunto eu:
Como?

Dizes tu:
"Não é justo que entre duas pessoas que ganhem o mesmo rendimento, a que paga mais impostos possa ser a que os ganha do seu trabalho e a que paga menos possa ser a que os ganha fazendo lucros ou mais-valias, mesmo que não recorra aos inaceitáveis truques via off-shore."

Respondo eu:
É justo que paguem o mesmo.
Porque tb não é justo que o os ganha fazendo lucros ou mais-valias tenha por isso de pagar mais.

Anónimo disse...

Essa do "Neste ano devemos prescindir do direito a estar ausentes" é uma piada para mim?
Felicidades aí para Almada.