10.3.09

Sócrates está a cavaquizar o PS? (contributo de João Vasconcelos Costa)

Tenho uma velha simpatia por São José Almeida. Conhecia-a há bastantes anos, quando ela era destacada para recolher algumas bocas do porta- voz, eu, do então interessante MDP, divorciado do PCP. Fiquei seu leitor e hoje é das comentadoras políticas que me agrada ler, aliando argúcia de análise a uma evidente importância dos princípios. Hoje não estou de acordo com ela, embora de facto o que refiro é citação, não obrigatoriamente opinião sua. A questão, bem pertinente, é se Sócrates está a cavaquizar o PS, a pô-lo ao serviço do governo, como fez Cavaco. Sem o criticar (e aceito que um jornalista, excepto em artigo de opinião, não deve criticar por conta própria) SJA reproduz o argumento de que o PS não está hoje cavaquizado no sentido de ser apenas câmara de ressonância do governo, logo do primeiro ministro. Parece que os números resolvem a dúvida. No secretariado do PS, só 40% dos membros pertencem ao governo. No cavaquismo, eram 55%. Mas o que é que isto interessa? Hoje só se pensa em números? Com que frequência reúne o secretariado? Qual é a sua agenda-tipo? Melhor dito, quais são os seus poderes? Pode subordinar qualquer ministro, impor ou bloquear qualquer proposta de lei? Mais, pode condicionar o próprio primeiro ministro? João Vasconcelos Costa (via mail) Comentário meu: Quer São José Almeida quer João Vasconcelos Costa têm uma parte da razão. Ela, porque refere que continua a haver no orgão executivo máximo do PS uma "energia política" significativa exterior ao governo. Ele, porque se essa energia não se materializar em actividade relevante se reduz a uma estatística. O Secretariado Nacional do PS reflecte o tipo de liderança de José Sócrates? Naturalmente, é para isso que existe. Sócrates faz parte do tipo de líderes que trabalha com um grupo restrito de pessoas em quem toda a confiança? Isso é bom? É um tipo de liderança, com vantagens e inconvenientes, como vem nos livros. Escolher ter um "team of rivals" acontece, mas é raro, não só no PS ou em Portugal. Nota: O Banco Corrido está aberto à opinião de quem, estando de passagem por ele, me faça chegar os seus textos. Nestes casos, evidentemente, o critério de publicação ou não, pertence-me exclusivamente a mim.

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Paulo Pedroso,
Pode pôr em linha, as suas reflexões e a da jornalista e do seu comentador com estas reflexões:
1/O acto fundador do próprio governo de José Sócrates e como ele soube integrar várias sensibilidades (Correia de Campos,Santos Silva, Vieira da Silva, por exemplo);
2/As remodelações nas finanças, na saúde, no MNE que recolocaram outras sensibilidades no Governo;
3/Veja-se a escolha para disputar a Câmara do Porto de Elisa Ferreira;
Só por estas três notas me parece, sendo José Sócrates teimoso, assertivo, "autoritário", solitário em muitas escolhas...está, em minha opinião, muito longe da liderança de Cavaco.
Até porque, como dizia Ortega y Gasset:"O homem é ele e a sua circunstância e deve muito fazer para que esta se cumpra."
Cavaco fez.
José Sócrates está a fazer por isso.
De resto as circunstâncias e os tempos históricos de um e do outro são, obviamente, diferentes.
J.Albergaria

Anónimo disse...

BAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!