O anúncio de um cessar-fogo unilateral por parte da ETA pode ser só o resultado de um momento de confusão, em que a organização precisa de dar a si mesma uma pausa técnica, depois do rude golpe que tem que ter representado a vaga de dezenas de prisões dos seus membros.
Manda a prudência que, em casos destes, se aguarde algum tempo antes de dar o anúncio por bom. Ele tanto pode a qualquer momento ser interrompido com o regresso à violência anterior, como pode qualquer crise na necessariamente fragilizada liderança da organização conduzir a nova estratégia quiçá ainda mais destrutiva que a anterior.
Mas essa prudência não pode e não deve impedir-nos de ver que a ETA foi forçada a perceber a dimensão do seu erro quando regressou à violência depois da oferta de Zapatero nem deve impedir-nos de aplaudir a estratégia do Governo espanhol que conseguiu uma série de sucessos no plano policial que não pode ser estranha a esta decisão.
Oxalá a ETA tenha agora a estabilidade que permita ao que resta da organização perceber que as suas convicções têm que ser defendidas no quadro da democracia europeia do século XXI. Se assim não for e uma nova vaga de jovens cegos pelo sectarismo voltar à estratégia assassina (e suicida para a sua causa) para a organização, terá sido cedo para batermos palmas. Mas que este cessar-fogo é uma boa notícia, lá isso é e que o governo Zapatero merece parabéns por ter forçado a organização a ele, parece-me óbvio.
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