10.9.10

Qual é a cobra não venenosa? Lula explica.

O marketing político no Brasil é fascinante. Lado a lado com técnicas sofisticadas, apenas comparáveis às americanas, fazem-se as campanhas mais kitsch e inacreditáveis.
Esta diversidade não é acidental. No Brasil, campanha é mesmo para procurar voto, todos os votos, de todos os eleitores, de todas as condições sociais. Campanha não é coisa que obedeça ao politicamente correcto, procure impressionar elites já decididas ou perca tempo com mediadores que não chegam ao povão..
Mesmo as figuras de primeiro plano arriscam na linguagem a níveis inimagináveis em Portugal e descem a um vocabulário que este país que só acha credíveis políticos que falem como doutores destruiria nos media.
Por cá, para pedir que votem no nosso candidato, apresentamos-lhe o currículo, as boas ligações, etc. Uma vez por outra lá se diz que é necessário separar o trigo do joio, distinguir a boa da má moeda, ou algo assim. Mas, para os protagonistas do primeiro plano (excepto Paulo Portas em dia em que perca o controlo) não passa disso. Coisas bíblicas ou da teoria económica, são o máximo defigura de estilo a que chegamos sem que os comentadorres zurzam nos políticos.
Mas no Brasil a campanha dói mais. E gostei de ler no blogue de Richard Widmark que Lula, ele mesmo e não qualquer político de terceira linha, explica assim em campanha em Belo Horizonte como devem os eleitores procurar decidir o seu voto:

 “Daqui a pouco, a gente não tem noção, colocam 10 cobras na nossa frente, e a gente não sabe qual é a venenosa e qual não é venenosa”.

Lula anda pelo Brasil, a explicar que cobra evitar, a ver se o eleitor morde o isco que lhe lança. E eu, que o acho um grande Presidente da República, sorrio a imaginar Cavaco ou Alegre a tentarem dizer coisas destas por aí.

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