Ana Margaria Craveiro acha surpreendente que, na mais recente entrevista de Fidel Castro, este tenha zurzido o antisemitismo de Ahmadinejad. Mas verdadeiramente surpreendente é ele voltar a dar entrevistas a torto e a direito.
Algo se passa em Cuba e não é por Fidel dizer o óbvio sobre o Holocausto ou "arrepender-se" agora das perseguições aos homossexuais que há qualquer coisa de novo. A metamorfose é uma velha capacidade do homem que talvez nunca tenha sido comunista e até queira hoje dizer que achou desagradável ter sido ditador. Mas o seu regime foi ambas as coisas, comunista e ditadura.
Yoani Sanchez já se tinha apercebido disto no início de Agosto. O activismo recente de Fidel é perigoso. Dizia ela: Fidel watchers now see him as unpredictable, and many fear that the worst may happen if it occurs to him to rail against the reformers in front of the television cameras.
Sanchez conclui que Fidel não regressará nunca. Oxalá tenha razão, mas quando os velhos ditadores não se conseguem calar e não conseguem passar o poder, lançam frequentemente confusão.
Não sei o que se passará com Fidel, mas pode bem ser que ainda seja tentado a voltar a ser protagonista da história de Cuba. Nesse caso, como na velha frase de Marx, a sua participação ocorreria uma primeira vez como tragédia e uma segunda como farsa. Para mal dos cubanos.
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